Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Governo tenta reconstruir ponte com STF em meio a crise com Bolsonaro
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Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) incendeia diariamente a relação com o Judiciário, aliados do mandatário tentam jogar água na fogueira. Há duas semanas, o recém-empossado ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, procurou o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, para tentar retomar o diálogo entre os Poderes. O encontro será amanhã.
Logo depois, Fux vai receber o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também na tentativa de apaziguar os ânimos na Praça dos Três Poderes. O pedido de audiência foi feito pelo senador. Nos últimos dias, Fux procurou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na tentativa de reconstruir a ponte com a Casa.
O movimento entre os Três Poderes ocorre porque, apesar do afã beligerante de Bolsonaro, integrantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário têm interesse em recuperar o diálogo institucional há muito prejudicado por xingamentos de Bolsonaro e notas de repúdio dos tribunais de Brasília.
Quando se achava que o presidente tinha chegado ao ápice dos ataques, ele passou a defender o impeachment dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que também preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Apesar de ser um ataque pesado de Bolsonaro, na Câmara, no Senado, no Judiciário e no próprio governo - ninguém acredita que os ministros sofrerão impeachment de fato.
Por outro lado, o STF e o TSE abriram investigações contra Bolsonaro - especialmente pelos ataques que ele tem direcionado a ministros do Judiciário e ao sistema eleitoral brasileiro. Mesmo no Judiciário, não se acredita que esses inquéritos resultarão em punição pesada ao presidente. Será apenas fonte de alguma dor de cabeça para ele.
A preocupação da cúpula dos Poderes é muito mais o comprometimento do diálogo institucional do que as consequências práticas das medidas tomadas recentemente - os inquéritos e os pedidos de impeachment. Em reuniões fechadas, o STF, o Congresso e o Palácio do Planalto tentarão selar uma paz possível, ainda que Bolsonaro siga atacando pessoas e instituições.
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