STF cobra de Damares explicações sobre nota contra vacinação infantil
O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou hoje que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves, explique a nota técnica contra a obrigatoriedade do passaporte da vacina e da imunização de crianças contra a covid-19.
O ministro também pediu pareceres da PGR (Procuradoria-Geral da República) e da AGU (Advocacia-Geral da União) sobre o documento emitido pela pasta
O UOL entrou em contato com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
No documento, publicado no mês passado, a pasta declara que receberá denúncias de pessoas que se sentem "discriminadas" por não tomarem vacina, por meio do Disque 100, canal pelo qual o governo federal recebe denúncias de violência contra mulheres, crianças e adolescentes, idosos e outros grupos minoritários.
O texto é assinado por três secretários e um diretor da pasta comandada pela ministra Damares Alves:
- Eduardo Freire, secretário nacional de Proteção Global substituto;
- Fernanda Monteiro, secretária nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente substituta;
- Marcelo Dias, secretário nacional da Família substituto,
- Jailton do Nascimento, diretor de Promoção e Educação em Direitos Humanos.
O que diz a nota de Damares
O ministério afirma, na nota, que a vacina pediátrica autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), apesar de fazer parte do Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a covid-19, não deve ser obrigatória.
A pasta condiciona a obrigatoriedade à inclusão da ação vacinal no Programa Nacional de Imunização ou no calendário básico de vacinação da criança. Conforme a nota, pais ou responsáveis devem ter autonomia sobre a decisão de levar ou não os tutelados para serem vacinados.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) determina que a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias deve ser obrigatória. A Anvisa liberou a vacinação dessa faixa etária no Brasil.
"Após o fim do caráter pandêmico da doença, poderemos avaliar a inclusão desses imunizantes no calendário de vacinação do PNI, de acordo com as evidências epidemiológicas relacionadas ao vírus e possíveis variações", destacou a pasta comandada por Marcelo Queiroga.
Senado também quer ouvir ministra
Os senadores da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado aprovaram na segunda-feira (7) requerimentos de convocação de Damares para explicar a nota.
A convocação foi aprovada para que ela explique nota técnica da pasta que comanda contra a obrigatoriedade das vacinas para crianças e adolescentes e também contra o chamado passaporte vacinal.
"Conforme amplamente divulgado pelos veículos de comunicação, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos apresentou nota posicionando-se de forma contrária ao passaporte vacinal e à obrigatoriedade da vacinação de crianças contra a covid e ampliando o alcance do disque denúncia daquela pasta para queixas de pessoas antivacinas: é o Estado atuando contra o cidadão", afirma o texto do requerimento.
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