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Capa da revista americana Time, Lula diz que Bolsonaro estimula o racismo

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é capa da revista norte-americana Time nesta semana - Reprodução
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é capa da revista norte-americana Time nesta semana Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

04/05/2022 08h47Atualizada em 04/05/2022 15h38

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é a capa da revista norte-americana Time, uma das mais prestigiadas do mundo, em edição da publicação com data de 23 de maio. Em entrevista à revista, ele afirmou que o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL) estimula o racismo no país.

"Não diria que ele tem culpa pelo racismo porque o racismo é crônico no Brasil. Mas ele estimula", respondeu ele a ser questionado sobre as propostas dele para a população negra do país. "O Bolsonaro despertou o ódio, despertou o preconceito. Aí tem outros presidentes também na Europa, na Hungria, [que fazem o mesmo]; está aparecendo muito fascista, muito nazista no mundo."

O UOL entrou em contato com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Este texto será atualizado caso haja resposta.

Na semana passada, Lula disse em evento que o mundo estava "chato para cacete" porque todas as piadas viraram politicamente erradas. Ele, que é pernambucano, também defendeu piadas com nordestinos.

O último brasileiro a estampar a capa da revista Time foi o jogador de futebol Neymar, em 2013. Antes, seis presidentes também foram destaque no periódico: Júlio Prestes (1930), Getúlio Vargas (1940), Café Filho (1954), Juscelino Kubitschek (1956), Jânio Quadros (1961) e Costa e Silva (1967).

Zelensky 'quis a guerra'

Na entrevista, Lula também falou sobre a guerra na Ucrânia e afirmou que o presidente do país, Volodymyr Zelensky, 'quis' o conflito, e que é tão responsável por ele quando o líder russo, Vladimir Putin.

"Ele quis a guerra. Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais", opinou. "É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo [ao confronto]! Você fica estimulando o cara [Zelensky] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o 'rei da cocada', quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: 'Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer'. E dizer para o Putin: 'Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!'".

Ele também disse que o ucraniano tem um comportamento "um pouco esquisito". "Parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação", afirmou.

Para ele, os Estados Unidos e a União Europeia também são culpados pela guerra. "Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: 'A Ucrânia não vai entrar na OTAN'. Estaria resolvido o problema", avaliou.

Bolsonaro venceu eleição popular para personalidade do ano

No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro venceu uma votação popular como personalidade do ano.

Dos mais de 9 milhões de votos lançados pelos leitores, para quem eles pensam ser a pessoa ou grupo que teve a maior influência no ano —para melhor ou pior —, Bolsonaro recebeu 24% dos votos. No entanto, a definição do título é feita pelos editores da revista, que elegeram o bilionário Elon Musk.

Conservadores brasileiros se mobilizaram e fizeram mutirão para votar em Bolsonaro na enquete. O próprio presidente chegou a fazer o pedido de voto em uma de suas tradicionais lives semanais. "Agora, em 2021, estamos liderando. Agradeço quem votou em mim. Quem não votou peço que entre lá no site da Time e vote", pediu Bolsonaro, durante transmissão.

Além de políticos, também concorriam o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, artistas como Britney Spears e Billie Eilish, e grupos de anônimos, como imigrantes haitianos e profissionais de saúde da linha de frente.

A publicação tem uma edição especial que destaca um perfil desde 1927. Os últimos escolhidos na votação final foram Joe Biden e Kamala Harris, a vice-presidente dos EUA, em 2020, e a ativista ambiental Greta Thunberg, em 2019.