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Silveira recorre de multas aplicadas por Moraes por não usar tornozeleira

Deputado Daniel Silveira - REUTERS
Deputado Daniel Silveira Imagem: REUTERS

Do UOL, em São Paulo

27/05/2022 19h34

A defesa do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) apresentou recursos contra a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes que aplicou multa de R$ 150 mil por não uso da tornozeleira eletrônica. O advogado também pede a revogação do equipamento, liberação da conta bancária do parlamentar, e que o caso seja levado ao plenário da Corte.

Como argumento, a advogada cita o suposto mau funcionamento do aparelho. Assim, pede que "sejam afastadas as sanções pelo suposto descumprimento do monitoramento eletrônico até que seja concretizada a perícia criminal para aferição do funcionamento da tornozeleira eletrônica".

Com a última decisão, a punição a Silveira chega a R$ 645 mil - antes, o ministro havia fixado os valores de R$ 405 mil e R$ 135 mil. Além disso, mais de R$ 100 mil já foram bloqueados da conta do parlamentar.

"As condutas do réu, que insiste em desrespeitar as medidas cautelares impostas nestes autos e referendadas pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, revelam o seu completo desprezo pelo Poder Judiciário, comportamento verificado em diversas ocasiões durante o trâmite desta ação penal e que justificaram a fixação de multa diária para assegurar o devido cumprimento das decisões desta Corte", disse o ministro do STF na decisão.

Recentemente, o deputado disse que não usa mais o equipamento porque a Justiça "não faz mais nada'" e porque ele está "cumprindo o decreto do presidente da República", que concedeu a graça (perdão) da condenação imposta pelo STF.

Eu nem poderia usar naquela época. Hoje, é que eu não uso mesmo. Eu fui indultado pela graça. Quando o Judiciário tem o perdão presidencial, é meramente declaratório o reconhecimento. O Judiciário não faz mais nada, só declara a extinção
Daniel Silveira

Entenda o caso

No dia 20 de abril, Daniel Silveira foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) pelos crimes de coação no curso do processo - quando uma pessoa usa da violência ou ameaça para obter vantagem em processo judicial - e por incitar à tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes. A condenação foi por 10 votos a '.

O deputado recebeu como pena oito anos e nove meses de prisão, em regime fechado, além da perda do mandato e à suspensão dos direitos políticos. No dia seguinte à condenação, o presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu o instituto da graça (uma espécie de perdão) ao deputado federal.

O instituto da graça é uma prerrogativa do presidente da República para extinguir a condenação de uma pessoa. Advogados dizem que é um direito do presidente garantido na Constituição, mas que isso cria uma tensão com o STF. Os especialistas consultados dizem que o deputado não deve ser preso, mas perderia os direitos políticos.