Lula lidera e Bolsonaro é o mais rejeitado em favelas, diz pesquisa
O presidente Jair Bolsonaro (PL) é o nome mais rejeitado entre os candidatos à Presidência nas favelas brasileiras, aponta pesquisa inédita G10 Favelas/Favela Diz, publicada na manhã desta terça-feira (9) e antecipada ao UOL com exclusividade. Segundo o levantamento, o líder de intenção de votos para as eleições de 2022 é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 38% da preferência dos eleitores.
Apenas sete pontos o separam de Bolsonaro (31%), enquanto Ciro Gomes surge isolado em terceiro lugar, com 7,05%. Os demais candidatos não atingiram 2%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O instituto afirma que os resultados da pesquisa representam 17 milhões de pessoas — de acordo com a pesquisa, os moradores de favelas correspondem a 8% da população brasileira.
Para 19,37% dos entrevistados, a prioridade do próximo presidente deve ser a geração de empregos; para 17,38%, deve ser a melhoria no sistema de saúde pública.
Outros 16,31% afirmaram que deve ser a redução da inflação para melhorar o preço de itens como comida, gás e combustíveis. Já 14,93% afirmaram ser o combate à pobreza. Apenas 8,85% citaram o combate à corrupção.
O levantamento leva em consideração três nomes que desistiram de concorrer à Presidência durante ou após a coleta dos dados: André Janones (Avante), Pablo Marçal (Pros) e Luciano Bivar (União Brasil). Janones anunciou a desistência em uma live ao lado de Lula, enquanto Marçal teve a candidatura retirada por uma ala do partido que apoia o petista. Já Bivar tentará se reeleger como deputado federal.
Na pesquisa espontânea, quando os entrevistados citam livremente os candidatos, sem que os entrevistadores forneçam nomes, a diferença entre Lula e Bolsonaro se manteve em torno dos sete pontos percentuais.
O Favela Diz ouviu por telefone 2.000 pessoas moradoras de favelas de 64 municípios, distribuídos entre 24 das 27 unidades federativas, entre os dias 28 de julho e 4 de agosto. O índice de confiabilidade é de 95%. A pesquisa foi contratada pelo G10 Favelas por R$ 30 mil e registrada sob o protocolo BR-09451/2022 no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Bolsonaro tem 2º melhor governo, mas é o mais rejeitado
Cada entrevistado foi questionado sobre qual candidato não receberia seu voto de jeito nenhum; para 45,24% deles, a resposta foi Bolsonaro. Outros 32,09% citaram Lula. Os dois nomes também foram citados como os melhores governos vividos pelos moradores das favelas: o petista lidera com 48,65%, enquanto o atual presidente aparece em segundo lugar, com 21,15%.
Para Marx Rodrigues, CEO do instituto Favela Diz, há uma memória afetiva em relação aos governos de Lula e Bolsonaro. "O governo Lula se solidificou como um governo que ascendeu classes. Agora, o governo Bolsonaro intensifica fortemente os programas sociais e tende a quebrar a rejeição dentro desse eleitorado pesquisado".
Ao UOL, Rodrigues afirmou que será necessário observar mudanças no quadro nos próximos meses para saber se Bolsonaro se manterá como o segundo governo mais bem avaliado; em julho, o atual governo aprovou o reajuste do Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família) de R$ 400 para R$ 600.
Do total de entrevistados, 71,95% afirmaram que estão totalmente decididos a respeito de seus votos. Já 15,60% disseram que ainda podem mudar de opinião até o primeiro turno, marcado para o dia 2 de outubro.
Segundo o levantamento, 41,65% da população das favelas brasileiras votou em Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018. Os eleitores de Fernando Haddad (PT), seu adversário na ocasião, representam 28,15%; 12,4% votaram em branco ou anularam o voto. Já 17,8% não sabem ou preferiram não responder.
Segundo turno
Lula saiu vitorioso em todas as simulações de segundo turno testadas pelo instituto. Bolsonaro só derrotaria a emedebista Simone Tebet.
Sobre o instituto
O Instituto de pesquisas Favela Diz foi criado no início de 2022 com o objetivo de realizar levantamentos entre as classes C, D e E. A empresa é impulsionada pelo G10 Favelas — bloco que reúne as dez favelas brasileiras com maior poder econômico do país. As pesquisas são feitas por profissionais das próprias comunidades e realizadas de forma online e por telefone.