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Sakamoto: Jefferson age como jagunço e pode tirar votos de Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

23/10/2022 18h02

O ataque armado do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) contra agentes da Polícia Federal hoje pode prejudicar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas na semana que vem e reflete a atitude de um capanga, segundo a análise de Leonardo Sakamoto, colunista do UOL, realizada em transmissão do Canal UOL.

O colunista afirmou que Jefferson agiu "inspirado" nos discursos a favor de armamento da população, que são frequentemente feitos por Bolsonaro. "Em 29 de julho, Bolsonaro falou claramente que armas de fogo garantem ao povo sua liberdade e o Roberto Jefferson fala que está protegendo sua liberdade com armas de fogo, é a reprodução de Jair Bolsonaro na base", disse.

A reação de hoje "pode vir a tirar votos do presidente", apesar de Bolsonaro "tentar se desvencilhar" e ter falado que não há uma foto dele com o ex-deputado.

Tudo isso aqui faz parte de um processo bastante pensado, o ex-deputado Roberto Jefferson, na prática, tem agido como jagunço de Jair Bolsonaro [...] No dia do lançamento do Roberto Jefferson como candidato à Presidência, mesmo estando em prisão domiciliar, teve um discurso do Daniel Silveira, o deputado, falando claramente 'quando as pessoas compreenderem o que o Roberto está buscando fazer em apoio ao presidente para que possa expor aquilo que Bolsonaro não pode sem ser perseguido, Roberto já está preso, o que mais pode se fazer? Agora vai fazer um serviço entregando a verdade para os ministros'"

O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) reagiu hoje (23) com tiros contra agentes da Polícia Federal que cumpriam uma decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes de prendê-lo em sua casa, em Comendador Levy Gasparian, a cerca de 140 km do Rio.

A PF informou que agentes foram à casa de Jefferson para cumprir a ordem de prisão e o alvo reagiu à abordagem, quando os agentes se preparavam para entrar na residência. Dois policiais, sendo uma mulher, foram atingidos por estilhaços. Segundo a corporação, eles foram levados a um pronto-socorro, passaram por atendimento médico e passam bem, conforme publicou a colunista Carla Araújo.

A ordem de prisão aponta o descumprimento de medidas cautelares por parte de Jefferson. Na decisão, Moraes pediu prisão, busca e apreensão e proibiu entrevistas.

A decisão ocorreu depois de Jefferson xingar a ministra Cármen Lúcia, do Supremo, e a comparar com "prostitutas", "vagabundas" e "arrombadas" em uma publicação na internet. Ele estava proibido de usar as redes sociais, justamente por outra ordem de Moraes.

A gravação foi publicada no perfil da filha de Jefferson, a ex-deputada federal Cristina Brasil (PTB), que teve a conta suspensa hoje.

Josias: Bolsonaro tenta se dissociar de Roberto Jefferson, mas aliado está grudado nele

O colunista do UOL Josias de Souza avaliou que será difícil Bolsonaro desvincular a imagem de Jefferson à dele, mesmo que tente "se reposicionar em cena".

"Qual a frase que o presidente sustenta durante toda a campanha [eleitoral]? O povo armado jamais será escravizado. As palavras do presidente avalizam o comportamento de Roberto Jefferson, que é presidente do PTB, tentou ser candidato mas não pôde porque é ficha suja e colocou Padre Kelmon para levantar bolas para Bolsonaro. Agora o presidente quer se dissociar, mas não consegue porque o aliado está grudado nele", afirmou.

Josias também ressaltou que Bolsonaro não se manifestou ontem em favor da ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), após ataques machistas de Jefferson no sábado.

"Ele não falou nada quando seu aliado ofendeu a ministra do Supremo, mas como o caldo entornou ele põe uma nota repudiando as ofensas à ministra e tentando se dissociar dessa resistência armada do Roberto Jefferson", completou.