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Bolsonaro pede a apoiadores liberação de rodovias e diz: 'estou com vocês'

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

02/11/2022 19h41Atualizada em 02/11/2022 22h22

O presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo na noite desta quarta-feira (2) para falar a apoiadores e pedir que manifestantes liberem as rodovias. Desde a noite de domingo (30), bolsonaristas fazem bloqueios nas estradas em protesto contra o resultado da eleição, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"O fechamento de rodovias pelo Brasil, prejudica o direito de ir e vir das pessoas, está lá na nossa Constituição. E nós sempre estivemos dentro dessas quatro linhas. Tem que respeitar o direito de outras pessoas que estão se movimentando, além de prejuízo à nossa economia. Sei que a economia tem sua importância, né. Sei que vocês estão dando mais importância a outras coisas agora. É legítimo. Mas eu quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias. Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas", diz Bolsonaro.

No pronunciamento, o presidente tratou os manifestantes como "brasileiros que estão protestando pelo Brasil". Ele ainda disse que, "ao longo desse tempo todo à frente da Presidência, colaborei para ressurgir o sentimento patriótico, amor à pátria, nossas cores verde e amarela, a defesa da família, da liberdade".

"Não vamos jogar isso fora. Vamos fazer o que tem que ser feito. Estou com vocês e tenho certeza que vocês estão comigo", disse, reforçando o pedido pela liberação de rodovias. "Vamos desobstruí-las para o bem da nossa nação e para que possamos continuar lutando por democracia e por liberdade." Ontem, porém, apoiadores do presidente já diziam que iriam ignorar pedidos de Bolsonaro para deixar os bloqueios.

O presidente também demonstrou apoio ao sentimento dos manifestantes e disse que está "tão chateado, tão triste" quanto os apoiadores. Bolsonaro ainda fez questão de frisar que o movimento é "espontâneo".

Prejuízo todo mundo está tendo com essas rodovias fechadas. O apelo que eu faço a você: desobstrua as rodovias, proteste de outra forma, em outros locais que isso é muito bem-vindo, faz parte da nossa democracia. Por favor, não pensem mal de mim. Eu quero o bem de vocês
Presidente Jair Bolsonaro

A CNC (Confederação Nacional do Comércio) divulgou nota dizendo que os bloqueios deste ano em estradas podem causar perdas maiores que as do movimento de 2018.

O vídeo do presidente pedindo que apoiadores deixem as rodovias também foi compartilhado nas redes sociais também pelo ministro da Comunicação, Fábio Faria, e pelo senador e filho dele, Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Bloqueios após derrota

O pedido de Bolsonaro chega no terceiro dia de bloqueios, que começaram na esteira da derrota do presidente para Lula na disputa pelo Planalto. As interdições nas estradas também geraram uma série de críticas e ordens do STF (Supremo Tribunal Federal) para que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) retirasse os bolsonaristas das estradas.

A fala também foi divulgada horas após um acidente em Mirassol, no interior de São Paulo, em decorrência dos bloqueios. Um motorista de 28 anos foi preso em flagrante após atropelar manifestantes bolsonaristas na tarde de hoje na rodovia Washington Luís. Ao menos 16 pessoas ficaram feridas. A ocorrência aconteceu por volta de 15h20, na altura do quilômetro 541 da rodovia.

O número de rodovias federais bloqueadas ou parcialmente interditadas no Brasil por manifestantes contrários ao resultado das eleições é de 126, segundo boletim divulgado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) às 20h21. De acordo com a PRF, o total de manifestações desfeitas desde o início das atividades da corporação foram de 732 e as multas aplicadas foram 1.992.

Ontem, após mais de 44 horas de silêncio, Bolsonaro já havia dito que "manifestações pacíficas são bem-vindas". No mesmo discurso, criticou atos de violência e disse que "o direito de ir e vir" da população deve ser preservado.

O pronunciamento ocorreu no hall de entrada do Palácio da Alvorada, a residência oficial da chefia do Executivo federal, e durou cerca de dois minutos. Após o discurso, coube ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), anunciar o início do processo de transição de governo. Os trabalhos serão coordenados pelo vice-presidente eleito, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB).