Mulher é agredida por bolsonarista em carreata na avenida Angélica em SP
Débora Alba, 39, moradora da região, foi agredida quando voltava para casa do supermercado. Ela tentou defender uma mulher idosa, que carregava na calçada uma bandeira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e estava sendo hostilizada por um grupo bolsonarista em carreata na avenida Angélica, que corta o bairro de Higienópolis, no centro de São Paulo.
"Desceram quatro pessoas dos carros para bater nela. Eu vendo aquela cena não tinha como eu ficar quieta. Fui tentar defender ela, pedi para que parassem", disse Débora ao UOL Notícias.
Quando tentou proteger a idosa, Débora foi empurrada contra o portão de um prédio e levou um tapa no rosto de um dos manifestantes —até a tarde de hoje, ele não havia sido identificado.
"Esse homem veio mais para frente com o carro, desceu e foi direto para minha direção. Quando ele desceu do carro, ele colocou a mão no bolso. Aí pensei que iria dar errado, fui para grade do prédio para tentar me proteger", relatou.
A agressão contra Débora foi filmada por um vizinho, que pediu para não ser identificado. "Eu estava voltando para casa e vi uma aglomeração de pessoas em volta de uma senhorinha com a bandeira do Lula. Aí, eu desci antes do meu ponto para ajudar, porque fiquei com medo de hostilizarem ela", disse.
O carro do agressor tinha quatro pessoas. Eles estavam gritando com uma mulher que defendia a senhora, e o cara saiu gritando com ela. Foi aí que eu comecei a filmar. Ele saiu do carro, gritando e indo bater nela"
Morador da vizinhança
A filmagem não impediu a agressão. "Ele conseguiu me agredir no meu lado esquerdo do rosto", disse Débora.
Agressor não foi detido por PMs
Alguns policiais militares estavam no local, mas Débora e a testemunha afirmaram que os agentes não identificaram o agressor.
Eles deixaram o cara entrar no carro e ir embora. Eu me alterei com os policiais porque fiquei indignada."
Débora Alba
Depois que o agressor foi embora, os policiais pegaram o depoimento da idosa e de Débora, que foi orientada ir a uma delegacia da Polícia Civil fazer um boletim de ocorrência.
"Os PMs queriam que o meu marido entrasse na viatura. Meu marido é um homem negro e eu falei que ele não entraria de jeito nenhum. Quem tinha sido agredida era eu", afirmou Débora.
Por meio de nota enviada no sábado (7), após a publicação desta reportagem, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que os policiais constaram "desentendimento entre as partes, mas [que] a situação teria sido resolvida. Por este motivo, não houve detenções". Dois agentes aparecem no vídeo que registrou a agressão.
Segundo a corporação, o caso não foi registrado pela Polícia Civil. "A instituição está à disposição da vítima para formalização do B.O.", finaliza a PM, no comunicado.
Em nova nota enviada no domingo (8), após analisar as imagens enviadas pelo UOL Notícias, a SSP informou que "o secretário da Segurança Pública, após tomar conhecimento dos fatos e das imagens citadas, determinou a instauração de um Inquérito Policial para identificação e responsabilização do agressor".
A Polícia Militar também informou, no mesmo domingo, que "após conhecimento das imagens completas" "determinou ao batalhão ao qual pertence os policiais militares a apuração dos fatos, bem como o motivo pelo qual não foi conduzido ao distrito policial o autor da agressão verificada na filmagem".
São pessoas que já saem de casa com esse propósito, é surreal esse tipo de coisa acontecer e ninguém fazer nada. Não é a primeira vez e se fecharmos os olhos não será a última"
Débora Alba
Nesta sexta (6), bolsonaristas realizaram carreatas e buzinaços contra Lula por São Paulo. O grupo passou pelas grandes avenidas da cidade — como a Angélica e a Paulista. À noite, se concentraram nas proximidades do Aeroporto de Congonhas, na zona sul da cidade.
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