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Igreja nunca apoiará aborto, diz dom Odilo após ministério revogar portaria

12.mar.2013 - 12.mar.2013 -  Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, assiste à missa em basílica, no Vaticano - Gabriel Bouys/AFP
12.mar.2013 - 12.mar.2013 - Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, assiste à missa em basílica, no Vaticano Imagem: Gabriel Bouys/AFP

Do UOL, em São Paulo

17/01/2023 22h50Atualizada em 17/01/2023 23h01

O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, reagiu após a ministra da Saúde, Nísia Trindade, revogar seis portarias assinadas no governo Bolsonaro.

Entre elas, está uma que previa a necessidade de o médico avisar à polícia em caso de aborto por estupro.

A Igreja Católica não é a favor do aborto! Não é, nunca foi e nunca será a favor do aborto."
Dom Odilo Scherer

Medida foi criada durante a gestão de Eduardo Pazuello. Na época, o Ministério da Saúde recuou em alguns pontos, como a exigência de que médicos informassem à gestante a possibilidade de ver o feto em ultrassonografia, por exemplo. No entanto, o aviso às autoridades policiais foi mantido.

Embora a palavra "obrigatória" tenha sido retirada após a repercussão negativa, a portaria dizia que o médico e os demais profissionais de saúde, em casos com indícios ou confirmação do crime de estupro, deveriam comunicar o fato à autoridade policial responsável.

Risco à mulher. A medida feria a previsão de sigilo em atendimentos e trazia o risco de levar a mulher ao aborto ilegal, avaliaram especialistas em 2020.

A interrupção da gravidez é permitida em três situações no país:

  • quando a gravidez é resultado de violência sexual;
  • se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
  • em casos de fetos com anencefalia.

Após a revogação de portaria. Voltaram a vigorar medidas previstas numa portaria de 2017 sobre o tema, que já estabelecia uma série de procedimentos para justificar e autorizar a interrupção da gravidez, mas não falava sobre a necessidade de comunicação à polícia.

Nísia já havia adiantado que medidas que ofendem a ciência, os direitos humanos e direitos sexuais reprodutivos seriam revogados.