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'O que aconteceu no 8/1 foi apagão geral', diz Ibaneis ao retomar governo

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

16/03/2023 11h19

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), voltou hoje ao cargo após mais de 60 dias afastado por suspeita de omissão em 8 de janeiro, quando manifestantes golpistas invadiram e destruíram as sedes dos três Poderes.

O que ele disse?

  • Ibaneis disse que houve "apagão" nas polícias e na Força Nacional na ocasião. "No STF talvez não, porque lá eles tinham poucos seguranças. No Palácio do Planalto não, que lá eles têm um batalhão. Houve um relaxamento geral. A Força Nacional também não atuou", afirmou.
  • Ele avaliou que o afastamento foi necessário. "Foram dias muito difíceis, mas esse afastamento que tivemos ao longo desse período foi necessário. A invasão dos prédios do Congresso, do STF e Palácio do Planalto foram significativos para a história desse país", declarou.
  • O governador isentou o ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres. "Na minha visão, não foi culpa do Anderson. Talvez, se ele tivesse sido alertado antes. Acredito que o 8 de janeiro tem que ser lembrado, mas não foi culpa só do Anderson e tenho certeza de que a investigação vai apurar isso."
  • Ele lembrou que foi aconselhado a não indicar Anderson Torres para o cargo, mas que tinha total confiança nele. "Olhando hoje para trás, é fácil dizer, mas se você tem a confiança que eu tenho no meu secretário... Fiz o que estava dentro da minha competência diante das informações que eu tinha", disse.
  • Governador diz que "sofreu muito", mas volta sem mágoa ou rancor. "Sabia da importância de tudo o que aconteceu. Estou também consciente que precisamos virar a página na história da nossa cidade, do nosso país, e viver um tempo de paz."
  • "Estou aqui para apoiar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva", disse. Mesmo tendo apoiado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Ibaneis prometeu que sua relação com Lula (PT) será de "maior harmonia". "Vou conviver com qualquer presidente da República porque tenho amor pela minha cidade."

Tomei um grande susto, mas entendi a reação do ministro Alexandre de Moraes. Aquilo era o que era necessário ser feito pela defesa da democracia. [...] Esse apagão certamente não foi de graça, alguma coisa aconteceu para que esse apagão ocorresse. Houve apagão na Polícia Militar do Distrito Federal, no Palácio do Planalto que tem um batalhão do Exército para defender que não estava lá presente, houve apagão em várias áreas da segurança do DF.
Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal

A coletiva do governador foi concorrida. Dezenas de pessoas, entre eles servidores e apoiadores, encheram o salão principal do Palácio do Buriti para ouvir Ibaneis. Ao final, ele foi aplaudido e procurado pelo público, que se espremia para conseguir uma selfie.

A vice-governadora, Celina Leão (PP-DF), permaneceu ao seu lado durante a coletiva. O grupo político de Celina chegou a começar a articular um processo de impeachment contra Ibaneis enquanto ele esteve afastado, conforme revelou o jornal O Estado de São Paulo.

O advogado Rodrigo Roca, que faz a defesa de Anderson Torres, "entende como muito positivo o retorno do governador Ibaneis às suas funções, o que, certamente, também contribuirá para uma nova reflexão a respeito da prisão cautelar que ainda o mantém afastado da sua família".

Ibaneis estava longe do governo do DF havia 64 dias, desde a noite de 8 de janeiro, quando manifestantes golpistas invadiram e destruíram as sedes dos três Poderes. Ontem, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes revogou a decisão que afastou o governador do cargo, por considerar que ele não está atrapalhando as investigações ou destruindo evidências. Uma perícia no celular de Ibaneis apontou que ele não apoiou os atos, mas subestimou o tamanho deles.

O STF determinou o afastamento de Ibaneis por suspeita de que ele agiu com "descaso e conivência" diante da organização das manifestações.