Palavrão, choro, vingança e crítica ao FMI: entrevista de Lula em 7 pontos
O presidente Lula (PT) comentou sobre arcabouço fiscal, chorou, falou palavrão, defendeu seu advogado e fez críticas ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e ao mercado financeiro em entrevista descontraída hoje à TV 247.
O que ele disse?
- O presidente declarou que a decisão sobre o arcabouço fiscal só vai ficar para abril, após voltar da China. O projeto já foi entregue a ele pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas Lula argumentou que ainda debaterá com o Congresso.
- Lula também lembrou o período de sua prisão em Curitiba, entre 2018 e 2019, e chorou. Falando palavrão, ele disse que se vingaria do ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR), responsável pela Operação Lava Jato.
- O petista afirmou que ainda não tem nome fechado para a futura vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), mas defendeu seu advogado. Cristiano Zanin é um dos cotados para a cadeira quem vaga em maio, com a saída de Ricardo Lewandowski, mas setores, inclusive do PT, defendem outras opções, como uma mulher negra.
- O presidente prometeu ainda debater a revogação do Novo Ensino Médio, com o ministro da Educação, Camilo Santana. A proposta, aprovada no governo Michel Temer (MDB), tem sido duramente criticada e é um pedido direto de sua base eleitoral, em especial entre professores e jovens.
- Lula cutucou o FMI e o mercado financeiro. Ele criticou a atual taxa básica de juros, que deverá ser discutida pelo Banco Central amanhã (22), e disse que confia na melhora da economia.
- Por fim, se disse orgulhoso dos ministros e elogiou em especial Rui Costa, da Casa Civil, a quem chamou de "Dilma de calças", em referência ao período que a ex-presidente ocupou a pasta, no seu governo anterior.
Arcabouço fiscal
É preciso discutir um pouco mais, não tem que ter a pressa que algumas pessoas do sistema financeiro querem. Vou fazer o marco fiscal, quero mostrar ao mundo que tenho responsabilidade. Seria estranho anunciar e sair do país."
Novo Ensino Médio
Ele [Camilo Santana] vai fazer um debate, vai fazer uma discussão com os educadores, com os estudantes, não vai ser do jeito que está. Para que a gente possa fazer uma coisa que seja agradável para o governo mas também aos estudantes. Ele vai conversar com os sindicatos para que a gente possa estabelecer, com educadores e alunos, uma nova discussão sobre o ensino médio. Ele vai mudar."
Indecisão no STF
Não vou indicar ninguém por ser amigo. Quero indicar alguém que seja competente do ponto de vista jurídico e que esse cidadão esteja lá para que a Constituição seja respeitada. Não amigo, ou do PT. O Zanin foi uma grande revelação jurídica nesses últimos anos, uma revelação extraordinária, fez coisas que outros advogados não fariam."
Contra juros altos
É irresponsabilidade o Banco Central manter a taxa de juros em 13,75%. Só quem gosta é o sistema financeiro, que esses dias deu 99% de aprovação para ele [Campos Neto, presidente do BC]. Poderia ter 100% — se ele aumentar para 14%, vão dar 150%. Na verdade, o que nós precisamos é fazer a economia brasileira voltar a crescer."
Cutucou o FMI e os banqueiros
Tínhamos uma dívida de US$ 30 bilhões, que o coitado do [ex-ministro da Fazenda Pedro] Malan ia todo ano para Washington [EUA] tentar buscar dinheiro para fechar o caixa aqui e era humilhado pelo presidente do FMI. Nós pagamos a dívida para o FMI e fizemos uma reserva de US$ 370 bilhões, que é o que sustenta o país até hoje. [...] Então, eu não preciso que venha um banqueiro me cobrar de responsabilidade, eu não preciso."
Choro e palavrões para Moro
Uma coisa que eu tenho muito orgulho é que o procurador entrava para ver se estava tudo bem, eu falava: 'Não está tudo bem. Vai ficar quando eu f**** esse Moro. Estou aqui [na cadeia] para me vingar dessa gente, e se preparem que eu vou provar'. Quando me lembro disso, fico com uma certa mágoa, porque foi um processo de destruição que não é fácil suportar."
"Dilma de calças"
O papel da Casa Civil é de coordenador do governo, é quase como se fosse uma defesa dos interesses do presidente da República. Eu me lembro da Dilma, que chegava na reunião e dizia: 'Ninguém vai mentir para o presidente. E, se mentir, eu vou dizer que é mentira'. Isso me deixava dormir com a consciência tranquila."
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