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O que mostram novas imagens da invasão golpista de 8 de janeiro ao Planalto

Do UOL, em São Paulo

24/04/2023 14h58

Novas imagens da invasão golpista de 8 de janeiro ao Palácio do Planalto, em Brasília, mostram falhas na segurança e um membro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) interagindo com os vândalos sem prendê-los.

O que aconteceu

As imagens reúnem mais de 500 horas de gravações no dia do ataque. As câmeras do circuito interno foram liberadas por ordem de Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

Os vídeos reproduzem a dinâmica da invasão durante quase oito horas. Às 15h07, as imagens registram cinco agentes fazendo um cordão de isolamento na rampa que dá acesso ao Palácio. Minutos depois, policiais recuam, enquanto os vândalos avançam.

As primeiras prisões ocorreram por volta das 17h30, mais de duas horas após a invasão, indicam as imagens. Por volta das 21h30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstra irritação ao verificar os estragos, acompanhado por ministros e pela primeira-dama Janja.

As imagens registraram a saída do general Gonçalves Dias, então chefe do GSI, às 22h51. Ele foi uma das últimas pessoas a sair do Palácio. Lula havia deixado o prédio meia hora antes.

O começo da invasão

15h03: Os primeiros sons de bomba. Nessa hora, um funcionário do Planalto fecha a porta principal. Um homem de terno fica do lado de fora filmando os manifestantes com o celular.

15h10: Integrantes das forças de segurança equipados com escudos e armas não letais recuam. Eles se posicionam no lado de fora do Planalto, exatamente na frente da porta principal do prédio.

15h17: Dois homens fogem correndo, em meio a gritos e atos de vandalismo. Começa a invasão.

Quadro de Di Cavalcanti danificado

15h25: O vídeo mostra os golpistas chegando ao mezanino do Palácio. Um homem que já estava no local aparece com um objeto pontiagudo.

15h34: o vândalo danifica com sete facadas o quadro de Di Cavalcanti exposto no local. A obra de 1962 é avaliada em R$ 8 milhões, segundo o Palácio do Planalto. Mas, se for a leilão, pode valer até R$ 40 milhões.

15h52: Dois invasores sentam para descansar em duas poltronas do Planalto com vista para a praça dos Três Poderes. Um dos criminosos chega a arrastar uma mesa de centro —aparentemente pesada— para apoiar os pés.

Pose para foto e água para invasores

15h56: vândalos chegam à recepção da Presidência. Um deles esperou para que um fotógrafo fizesse o registro arrombando a porta de vidro da sala. Em seguida, pediu para ver as imagens na tela da câmera fotográfica.

15h58: o major José Eduardo Natale de Paula Pereira aparece pela primeira vez nas imagens. O então membro do GSI estava no terceiro andar, próximo ao gabinete do presidente. Ele conversa, cumprimenta e dá água aos vândalos.

16h12: um homem derruba e quebra o relógio de dom João 6º. Foi a segunda vez que o artigo do século 17 foi vandalizado. As cenas do primeiro ataque já haviam sido divulgadas em janeiro deste ano.

16h13: golpistas chegam com um carrinho cheio de garrafas de água e um balde com gelo. Eles o estacionam em frente à mesa onde estava a peça e, enquanto se hidratam, comem biscoito.

Major do GSI interage e não prende vândalos

Os vídeos mostram a presença do major Natale interagindo com os vândalos. É possível ver a mão de Nadale à esquerda, gesticulando, enquanto os golpistas comem e tomam água gelada.

16h28: invasores começam a sair da antessala do gabinete do presidente. O major presencia tudo e não dá ordem de prisão a ninguém. No total, 11 pessoas deixam o local —um deles chega a voltar para o local.

16h48: Natale indica onde estão as escadas para invasores descerem. Um homem pega um extintor de incêndio e vai embora. O militar não faz nada para impedi-lo.

Como agiu o chefe do GSI

General Gonçalves Dias em gravação no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro - Reprodução/CNN Brasil - Reprodução/CNN Brasil
General Gonçalves Dias em gravação no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro
Imagem: Reprodução/CNN Brasil

O general Gonçalves Dias, então chefe do GSI, afirmou ter chegado ao local pouco antes das 15h. Naquele momento, ainda não havia ocorrido a invasão. Ele então disse ter solicitado reforço de efetivo. O general prestou depoimento à PF na sexta-feira (21).

16h18: vídeos mostram o general no terceiro andar. Enquanto fala ao celular, ele entra no elevador e vai ao térreo. O general encontra vândalos em sala perto do gabinete da Presidência. Ele, o major Natale e outros agentes do GSI conduzem invasores para a saída, no segundo andar.

Em depoimento à PF, Gonçalves Dias disse que não os prendeu porque eles seriam detidos no segundo andar. Mas o local indicado ainda estava tomado por criminosos, que circulavam livremente. Nove militares que apareceram nas imagens foram ouvidos ontem pela PF.

18h22: o general aparece nas imagens conversando com assessores no mezanino do Palácio. Quando invasão já havia terminado, peritos da PF e servidores circulavam pelo Palácio.