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Saudades da taxa das blusinhas

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Nada está tão ruim que não possa piorar. Quem escreveu isso em algum momento da vida estava tão coberto de razão que nem gosto da pessoa. Para que tanto pessimismo na vida, gente? Pois eis que hoje o dólar ficou ainda pior do que ontem e fechou a 6,26 reais. E olha que ontem já foi o caos.

Só para dar uma ideia da realité (adoro esse meu francês), o dólar estava a menos de 5 reais no começo do ano. E assim Lula, o que nunca antes, vai acumulando uma série de manchetes "nunca antes na História". (Quem mandou ele gostar tanto dessa história de nunca antes na História.)

O charme do Fernandinho Cabelo foi-se embora (até eu ando achando o Cabelo dele meio caído). O mercadinho não gosta mais de Haddad. E Haddad resolveu dizer que ele tem escutado de grandes bancos que as previsões de inflação estão ótimas para o ano que vem (como se eles acertassem alguma vez e não ficassem revisando todo mês). E ainda disse que esse estresse do mercado é tudo coisa de especulador (que ele ouviu de jornalistas gabaritados) e que o dólar vai se acomodar. A questão é: a que nível vai se acomodar, BRASEW? Já estou com saudades de quando o nosso problema era só a taxa das blusinhas.

E teve rolê externo de novo hoje, darling. O Fed, que é o Banco Central americano, reduziu juros (o que os mercadinhos do mundo já sabiam que iria rolar). Mas a fala do todo-poderoso chefe do BC de lá, Jerome Powell, de que no ano que vem os cortes podem não rolar é que estressou de vez as bolsas da terra do Tio Sam que despencaram. E o dólar fogueteou.

Esse cabelo aí era de antigamente, Tixa.
Esse cabelo aí era de antigamente, Tixa. Imagem: Arte: Tixa News

Se ganhei ou se perdi, o importante é que emoções eu vivi

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Mas se de um lado o Haddad vem com essa de que é só especulação, o mercadinho também não fica atrás no believe me (veja que virei poliglota hoje). O mercado financeiro fica tentando emplacar (e está emplacando) a narrativa de que todo mundo está perdendo com essa alta. Ahã, çei. Até parece que não tem ninguém apostando contra o Real. Tudo bem, darling, é Natal e o que que tem acreditar em Papai Noel, né?

Pensamento aleatório. Eu não sei, mas tem gente me soprando aqui no ouvido que vale dar uma olhadinha lá no Sthulberger, no Márcio Appel, no Xavier da SPX, no Andrew Rider. Tixa, quem são esses? Povo do mercadinho, darling. Não é nenhum Andrew que vende Rider.

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Se eles estão ganhando eu não sei, porque sempre tem a possibilidade de ter gente ganhando no dólar e perdendo nos juros. Esse mercadinho é complexo demais. Tão complexo que o governo ganha com o dólar alto porque tem as reservas em dólar. Entonces, é melhor a gente voltar para a polícia, digo, política.

Qual o problema para o Lula? É se esse dólar virar inflação. Dá uma olhadinha lá na nossa cobertura da eleição americana para ver o que aconteceu com os Democratas.

Mas voltemos ao estresse com o pacotinho fiscal. Porque, no fim, tudo começou com o pacote do Haddad, que a galera não gostou. Esta é a última semana de trabalho no Congresso (não é a nossa última semana, darling, aqui só acaba quando termina) e eles estão fazendo passar tudo. Até boiada, Tixa? Olha, darling, não duvido.

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Imagem: Arte: TixaNews

A coisa está assim.

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  • A reforma tributária foi regulamentada ontem. Check.
  • As diretrizes para o Orçamento foram aprovadas. Check. Mas, tem um mas. Os parlamentares não deixaram passar a possibilidade de corte em emendas parlamentares obrigatórias (dinheiro para eles), aumentaram o fundo partidário acima da inflação (dinheiro para eles) e autorizaram gastos de estatais fora do calabouço fiscal (dinheiro para o governo gastar). Para os perdidos: a gente chama calabouço, mas o correto é arcabouço.
  • Lei orçamentária. Talvez só no sábado (eu não consigo acreditar em votação no sábado véspera de Natal.)
  • Pacote fiscal. Meio check. O texto geral foi aprovado, mas mesmo assim o dólar subiu. Ainda faltavam novas votações.
  • Seguro obrigatório DPVAT. Check, o governo mesmo derrubou para conseguir um acordo para votar o pacote fiscal.
  • Abono salarial e combate a supersalários (de juízes, por exemplo). Talvez, maybe, quem sabe eles votem na madrugada e esse ponto já esteja desatualizado na hora em que você estiver lendo isso.
  • BPC (o benefício para os pobres que o Haddad quer fiscalizar para ver quem não merece receber) e salário mínimo. Também talvez votem.

Notas explicativas. Tem um vai e vem aí entre Câmara e Senado que não mencionei para facilitar a leitura.

E tem mais

Datafolha diz que Lula está no mesmo nível que Bolsonaro em avaliação negativa da gestão, no fim do segundo ano do mandato. O que deve acelerar a troca de comunicação no governo. Alô, Sidônio, me liga. Me atende, meu querido.

Datafolha também diz que a anistia para os bolsonaristas do 8 de Janeiro é rejeitada por 62% dos brasileiros.

Brega Netto, o general quatro estrelas na prisão, trocou de advogado. Pegou o Juca de Oliveira (o nome dele é José e não sei porque chamam ele de Juca). Criminalista da pesada. Era criminalista do Zé Dirceu.

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Juca de Oliveira jura de pés juntos que Brega Netto não fará delação.

Chega, BRASEW, que o Congresso ainda está trabalhando a uma hora dessas e eu preciso ir.

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