Bolsonaro diz não ter vínculo com Do Val e que busca da PF foi 'esculacho'

Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento à Polícia Federal por cerca de 35 minutos sobre um suposto plano golpista relatado pelo senador licenciado Marcos do Val (Podemos-ES).

O que disse Bolsonaro

O ex-presidente disse que não tem responsabilidade pelos atos do senador licenciado. Bolsonaro afirmou que não tem e nem nunca teve vínculo com Marco do Val. "No máximo uma fotografia."

Ele afirmou que a ação de busca e apreensão da PF em sua casa foi um "ato de esculacho". A ação aconteceu em 3 de maio.

O ex-presidente ficou por cerca de duas horas resolvendo burocracias do depoimento, segundo seu advogado e ex-ministro da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten.

Não vou falar se ele inventou ou não inventou. Ele [Marcos do Val] que responda pelos atos dele

Nada aconteceu em 8 de dezembro, não tinha nenhum vínculo com Marcos do Val, não tive reunião, tive talvez fotografia e é normal

Fazer busca e apreensão na minha casa contra orientação do MP, no meu entender, é ato de esculacho, não roubei nada, é constrangimento. Se não tivesse capital político não estariam fazendo nada disso

Telefone do Cid, por que o telefone tinha tanta coisa? Ele nunca se preocupou de apagar nada, tudo que chegava para nós chegava no telefone dele, ele nem conseguia abrir. Aí o Ailton [Barros, ex-militar], que tá preso, mandou mensagem, nem sei se Cid abriu

Por ser coisa de maluco, não vou denunciar ninguém [sobre Do Val]

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Qual era o plano golpista

Gravar escondido o ministro do STF Alexandre de Moraes e usar o conteúdo para questionar as eleições. Esse era o plano golpista, segundo a primeira versão divulgada por Marcos do Val nas redes sociais. O senador seria a pessoa a se aproximar de Moraes.

Captar algo comprometedor para prender o ministro do STF e impedir a posse de Lula, segundo troca de mensagens entre do Val e Silveira divulgadas pela revista Veja em fevereiro. Naquele mesmo dia, o ex-deputado foi preso por descumprir medida cautelar, em mandado expedido por Moraes.

Bolsonaro teria convocado do Val para uma conversa. Por telefone, o ex-presidente pediu para o senador "dar um pulinho" em sua residência oficial, e o encontro ficou acertado para 9 de dezembro. Coube a Silveira abordar do Val no Congresso, e ele teria dito que Bolsonaro tinha um assunto importante e urgente para falar com o senador, segundo Veja.

O senador mudou a versão da história em outras ocasiões. Horas após a live nas redes sociais, ao ser questionado pela Folha de S.Paulo, o senador recuou da acusação direta e disse que Bolsonaro "só ouviu" o plano de Silveira e afirmou que iria pensar a respeito.

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Os depoimentos de Bolsonaro na PF

É o quarto depoimento do ex-presidente à PF neste ano. Desde que deixou a Presidência, Bolsonaro já foi intimado a depor sobre os atentados de 8 de janeiro, o caso das joias da Arábia Saudita e as fraudes no cartão de vacinação dele e de familiares.

Caso das joias: em 5 de abril, o ex-presidente prestou o primeiro depoimento e precisou dar explicações a respeito das joias recebidas de presente do governo da Arábia Saudita e não-declaradas. Ele falou por três horas e disse que soube da existência das joias mais de um ano depois da entrada delas no Brasil.

Os atos golpistas de 8 de janeiro: no dia 26 de abril, Bolsonaro precisou responder perguntas sobre as invasões e ataques às sedes dos Três Poderes. Ele foi vinculado a parte do inquérito que apura os mentores intelectuais da invasão.

Fraude em cartão de vacina: o depoimento mais recente foi em 16 de maio, quando Bolsonaro respondeu questões a respeito da falsificação do cartão de vacinação.

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