Lula se expressou mal, mas não errou em fala sobre África, diz José Vicente
Colaboração para o UOL, em São Paulo
19/07/2023 19h15Atualizada em 19/07/2023 23h01
O reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, afirmou durante entrevista ao UOL News desta quarta-feira (19) que o presidente Lula (PT) se expressou mal ao agradecer à África por "tudo que foi produzido nos 350 anos de escravidão". Contudo, José Vicente reiterou que o presidente não errou em sua fala.
Penso que ele tentou traduzir que em tudo o que nosso Brasil tem de destacado, de constituinte, é necessário obrigatoriamente o que veio da África, com os africanos.
O reitor da Universidade Zumbi dos Palmares afirmou que os africanos que foram trazidos para o Brasil já tinham "um processo civilizatório que internalizou e passou a ser parte estruturante e constituinte do nosso país".
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Isso que entendi e imagino o que ele quis dizer, tendo em conta o que tem sido a postura do presidente Lula ao longo de toda sua trajetória política e pessoal.
Sakamoto: Presidente, Brasil precisa sentir vergonha pela escravidão, não gratidão
O colunista do UOL Leonardo Sakamoto também comentou a respeito da fala do presidente Lula. Para o colunista, o presidente deveria ter dito que o país sente, na verdade, vergonha pelo período de escravidão.
Acho que este momento é extremamente didático para a gente poder remexer e deixar claro que a questão da escravidão não está resolvida no Brasil e em outros lugares do mundo.
"Quando ele diz que temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo que foi produzido em 350 anos de escravidão, ele poderia ter falado: 'temos uma profunda vergonha em relação ao continente africano por tudo que foi produzido durante 350 anos no nosso país'.
Campos Neto age de forma política para fazer valer suas opiniões, diz Sakamoto
Leonardo Sakamoto também comentou as informações da colunista da Folha Mônica Bergamo a respeito de uma tentativa do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de controlar as entrevistas de Gabriel Galípolo, indicado pelo governo para comandar a diretoria de política monetária do banco.
Que tipo de democracia é essa que o Campos Neto quer? Ele quer a liberdade apenas para o Banco Central repetir o que ele pensa como presidente, agora vozes dissonantes dentro do Banco Central não podem se manifestar? Podem sim.
"Calar pessoas, diretores que têm autonomia para falar não faz parte do jogo democrático, e isso mostra que o BC sobre Campos Neto é democrata até a página 2", destacou.
Sakamoto ainda afirmou que Campos Neto não quer Galípolo falando porque as falas do diretor do BC devem aumentar a pressão para a redução dos juros.
É importante que os diretores do Banco Central falem com o público: 'os dados são esses, se o Campos Neto não estava falando, agora eu estou falando'. Não quer pressão, não vai para um cargo público. É muito gostoso a democracia quando todo mundo concorda com você.
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