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Hackers expediram 10 falsos alvarás de soltura em invasão a sistema do CNJ

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Imagem: Reprodução / Twitter

Do UOL, em São Paulo

02/08/2023 15h53

Além de expedir um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), os programadores acusados de invadir os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) também expediram dez falsos alvarás de soltura "em favor de internos do sistema prisional brasileiro", segundo a PF (Polícia Federal).

As falsas ordens de soltura são do dia 4 de janeiro, segundo as investigações. Elas não foram cumpridas, mas "por motivos alheios à vontade do invasor". Entre os que seriam os beneficiados, estão acusados de integrar facção criminosa, de integrar organização criminosa, de lavar dinheiro para o tráfico e de integrar uma quadrilha de roubos de carros.

De acordo com o relatório da PF entregue ao ministro Alexandre de Moraes, Walter Delgatti Neto e Thiago Eliezer Martins Santos expediram os alvarás por meio da inserção das ordens de soltura nos bancos de dados do CNJ.

Walter Delgatti é acusado de invadir o sistema do CNJ e expedir um mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes. Ele está preso por descumprir medidas cautelares expedidas por Moraes e confessou ter agido sob ordem da deputada Carla Zambelli (PL-SP). As investigações já descobriram que ele recebeu R$ 13,5 mil de assessores da deputada e ele já confessou ter conversado com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre invadir os sistemas das urnas eletrônicas.

Já Thiago Eliezer é acusado, junto com Delgatti, de invadir os celulares de autoridades e vazar as conversas, fatos investigados na Operação Spoofing.

Em depoimento à PF, Delgatti disse que quem expediu os alvarás de soltura foi Thiago Eliezer. Delgatti contou que "apenas compartilhou a senha" do CNJ com Thiago Eliezer para "provar o que tinha feito", já que o colega não acreditava que ele havia conseguido invadir o sistema do Conselho.

QUE o declarante afirma que não emitiu qualquer Alvará de Soltura, mas apenas os documentos que já mencionou acima, sendo que isso pode ser verificado em seu computador; QUE o declarante apenas compartilhou a senha com THIAGO ELIEZER MARTINS SANTOS, que foi preso com o declarante na 'Operação Spoofing; QUE o declarante comentou com THIAGO que havia invadido o CN], mas o mesmo não acreditou, tendo o declarante, então, compartilhado a senha com o mesmo para provar o que tinha feito; QUE pode ver o IP do computador do declarante, ressaltando que de forma alguma emitiu Alvarás de Soltura? Delgatti, em depoimento à PF citado em decisão do ministro Alexandre de Moraes

O advogado de Thiago Eliezer, Luís Gustavo Delgado Barros, disse ao UOL que seu cliente não tem nada a ver com o episódio. "Durante a instrução processual, buscaremos demonstrar de forma irrefutável a inocência do Sr. Thiago", disse o defensor, em nota. "Em relação às acusações imputadas ao Sr. Thiago, desejamos assegurar que todas as medidas legais estão sendo tomadas para comprovar sua inocência."

O ministro Alexandre de Moraes disse que a expedição dos falsos alvarás "efetivamente, causou elevado risco à sociedade". Mas disse que o episódio "exige maior aprofundamento investigativo".

Os alvarás/ordens de soltura foram expedidos em favor de presos de diversas localidades do país (Novo Hamburgo/RS, Cuiabá/MT e Brasília/DF), cuja relação com os investigados deverá ser apurada, notadamente no que diz respeito a eventuais pagamentos e/ou eventuais outras tratativas para a invasão de sistemas informáticos Alexandre de Moraes, na decisão que autorizou busca e apreensão em endereços de Carla Zambelli.

Para a PF, Delgatti é "no mínimo partícipe" da invasão, enquadrada nos crimes de falsidade ideológica e invasão de dispositivo informático.

O UOL procurou a defesa de Delgatti, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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