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Acusado de vigiar Marielle, ex-bombeiro Suel não fará delação, diz advogada

10.jun.2020 - O bombeiro Maxwell Simões Correa é conduzido por policiais após ser preso sob suspeita de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco Imagem: Diego Maranhão/AM Press & Images/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio

04/08/2023 04h00

Acusado de envolvimento nos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel, não vai fazer delação premiada, segundo os advogados.

O Maxwell nunca cogitou fazer delação premiada, devido ao fato de não ter envolvimento com o crime nem saber de nada que possa ajudar nas investigações. A prisão no último dia 25 pegou ele e sua família de surpresa.
Fabiola Garcia, advogada de Maxwell Simões Correa

O que aconteceu

Preso na semana passada, Suel foi transferido para Penitenciária Federal de Brasília, onde cumpre prisão preventiva. O Ministério Público acusa o ex-bombeiro de ter participado dos assassinatos de Marielle e Anderson, com base na delação do ex-policial militar Élcio de Queiroz. Segundo o ex-PM, Suel monitorou a vereadora antes da execução.

O ex-bombeiro nega envolvimento no caso — tanto nos preparativos para crimes, quanto em uma tentativa anterior de emboscada contra a vereadora e nas providências tomadas após as execuções para destruição de provas, conforme relatou Élcio.

Élcio de Queiroz disse à PF que ele e Ronnie Lessa encontraram Suel em um bar na mesma noite em que Marielle e Anderson foram assassinados e que o ex-bombeiro disse a frase "eu sabia que eram vocês" ao ver a dupla no local — supostamente indicando que sabia do envolvimento de ambos no crime. Pessoas próximas a Suel dizem que a conversa não aconteceu e que ele foi embora antes do fim da noitada, pois sua esposa havia sido operada recentemente.

Em depoimentos durante as investigações, Élcio e Lessa negaram ter visto Suel em bar na noite dos crimes. Élcio afirmou não saber "se ele estava no Resenha" no dia dos assassinatos — versão que mudou na delação feita à PF. Já Lessa relatou não ter avistado o ex-bombeiro no bar.

Maxwell diz que não estava no carro usado no crime com Lessa e Élcio quando a placa foi picotada e também nega envolvimento no desmonte do Cobalt. Amigos do ex-bombeiro afirmam que sua relação com Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, outro envolvido no caso, era restrita a questões ligadas a peças e venda de carros. Também afirmam que ele não tinha intimidade com Élcio e sua família.

Investigação, acusação e expulsão

Antes de ser preso na semana passada, Maxwell já respondia por obstrução de provas no caso Marielle. Desde 2020, ele é acusado de ter cedido o carro usado para esconder as armas usadas no crime antes delas serem jogadas em alto-mar. Os advogados de Suel negam que ele tenha participado desses fatos, que lhe renderam uma prisão preventiva em maio de 2022.

Acusação de obstrução levou o militar a ser expulso do Corpo dos Bombeiros. O processo administrativo que gerou a decisão também é alvo de questionamentos por parte da defesa de Maxwell. Segundo advogados, uma mesma pessoa foi responsável por denunciar, coordenar trabalhos e julgar Suel — o que é irregular.

Os advogados dele afirmam que não tiveram acesso oficial a vídeo da delação de Élcio.

Há provas de envolvimento do acusado nas execuções de uma parlamentar no exercício de seu mandato. Segundo o Ministério Público, ele teria sido condenado pelo descarte de armas e acessórios do corréu Ronnie (Lessa) e seria réu por suposta organização criminosa armada para exploração de 'gatonet' em Rocha Miranda.
Decisão da 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que levou à transferência de Suel

Relembre o caso

Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros em 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, no Centro do Rio.

Os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos em 2019, apontados como autores dos homicídios — o primeiro teria atirado nas vítimas, e o segundo admitiu, na delação, que dirigia o carro que emparelhou com o da vereadora. Eles ainda não foram julgados, mas passarão por júri popular, em data ainda a ser definida pela Justiça do Rio.

Ainda não há sinalização sobre quem foi o mandante do crime. O primeiro inquérito, que concluiu a participação de Lessa e Élcio, não definiu se eles agiram sozinhos ou a mando de alguém.

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