Caixa retira tarjas de documento e abre investigação após reportagem do UOL
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A Caixa Econômica Federal retirou hoje as tarjas que escondiam o teor de documentos sobre o consignado do Auxílio Brasil e abriu investigação para apurar os responsáveis pela censura. As medidas foram tomadas após reportagem do UOL.
A atual gestão do banco estatal havia tarjado completamente um documento de 17 páginas, depois que a CGU (Controladoria-Geral da União) determinou que um pedido de informações do UOL sobre o uso político do crédito consignado do Auxílio Brasil fosse respondido.
O banco não compactua com práticas ilegais e, por solicitação da presidenta Maria Rita Serrano, abrirá um processo de investigação para apurar os responsáveis pelo descumprimento da orientação da CGU e pela efetivação do Consignado Auxílio.
Nota da Caixa em 7 de agosto de 2023
As tarjas só podiam ser removidas pela Caixa. Mas o UOL teve acesso aos documentos originais, sem as ocultações, através de uma outra fonte, antes mesmo da decisão do banco de retirar a censura.
Os trechos que foram tarjados revelam que o consignado do Auxílio Brasil foi iniciado aos atropelos, com dúvidas e pendências que representavam risco financeiro.
Apesar disso, a Caixa emprestou R$ 7,6 bilhões entre o 1º e o 2º turno das eleições. Após a derrota de Jair Bolsonaro, que criou a linha de crédito por medida provisória, o banco estatal cortou o consignado do Auxílio, como revelou o UOL em fevereiro.
Os documentos tarjados também mostram que os prejuízos para a Caixa começaram a aparecer já em novembro.
Na tarde desta segunda (7), o canal GloboNews informou que a CGU deu três dias para a Caixa enviar os documentos sem tarja para o próprio órgão avaliar. A decisão de Rita Serrano de enviar os documentos sem tarja ao UOL e abrir investigação antecipou-se à cobrança da Controladoria.
Veja íntegra da resposta da Caixa
"Com relação a publicação de hoje (07) do portal UOL, a CAIXA informa que a presidenta do banco, Maria Rita Serrano, em seu primeiro ato de gestão após a posse no cargo, no dia 12 de janeiro, determinou a suspensão da contratação do Consignado Auxílio e solicitou uma apuração sobre a viabilidade do produto e os procedimentos de governança que autorizaram a operação.
Em março, depois que estudos técnicos sobre o Consignado Auxílio foram concluídos, o banco decidiu retirar o produto de seu portfólio.
A presidenta determinou em seguida uma auditoria interna do banco para apurar o Consignado Auxílio, que começou em abril deste ano, e também outra sobre a operação de microcrédito, o chamado SIM Digital, com início da auditoria em junho.
Quando ainda na condição de conselheira eleita pelos empregados para o Conselho de Administração da CAIXA, Maria Rita Serrano já criticava a operação. Afirmou, em várias ocasiões, que o empréstimo, realizado em período pré-eleitoral, era uma operação controversa e que ampliou, sobremaneira, o endividamento da população mais vulnerável.
A CAIXA esclarece que atua com transparência e conforme legislação vigente, e informa que o documento solicitado pela jornalista está sendo enviado oficialmente ao portal UOL.
O banco não compactua com práticas ilegais e, por solicitação da presidenta Maria Rita Serrano, abrirá um processo de investigação para apurar os responsáveis pelo descumprimento da orientação da CGU e pela efetivação do Consignado Auxílio, que já é objeto de investigação pelos órgãos competentes: Polícia Federal, Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União.
Por fim, o banco afirma que os envolvidos em eventuais irregularidades serão devidamente responsabilizados".
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