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Jornal: CPMI do 8/1 descobre conta e movimentações milionárias de Mauro Cid

Tenente-coronel Mauro Cid na CPI de 8 de janeiro Imagem: Geraldo Magela/Agência Senado

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/08/2023 09h28

A quebra de sigilo bancário do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), revelou que ele movimentou R$ 8,4 milhões em três anos, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

O que aconteceu

Entre 2020 e 2022, foram depositados em suas contas R$ 4,5 milhões e saíram R$ 3,8 milhões, mostraram dados obtidos pela CPMI do 8 de janeiro. Cid declarou à Receita Federal ter rendimentos tributáveis de, em média, R$ 318 mil reais por ano.

Os relatórios mostram também que o ex-ajudante de ordens administrou outros R$ 2,3 milhões como procurador das contas de Bolsonaro. O mês com maior volume de depósitos foi em fevereiro de 2020, quando entraram R$ 119 mil.

As contas operadas por Mauro Cid como procurador de Bolsonaro receberam um total de R$ 1,1 milhão em três anos, contou o Estadão. Há ainda registros de débitos no valor de R$ 1,2 milhão.

Investigação sobre desvio de joias

Na sexta-feira (11), operação da PF mirou Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid, além do advogado Frederick Wassef e do assessor Osmar Crivelatti.

Segundo a PF, Cid vendeu dois relógios de luxo em junho de 2022, nos EUA, por US$ 68 mil. Os objetos haviam sido presenteados ao Brasil. Os valores foram depositados na conta de seu pai no exterior, o general Cid, mostrou a investigação.

Uma nova tentativa de vender joias nos EUA ocorreu em fevereiro deste ano. Segundo a PF, um kit de ouro saiu do país ilegalmente em dezembro de 2022, rumo aos EUA, para onde Bolsonaro e comitiva viajaram no fim do mandato. Em fevereiro, as joias foram leiloadas, mas não houve interessados.

A PF aponta que os recursos gerados com as venda dos bens eram repassados a Bolsonaro em dinheiro vivo. Outros indícios da participação do ex-presidente se deve ao fato de as joias serem levadas ao exterior durante viagens presidenciais em aviões da FAB.

Os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores
Trecho da manifestação da PF ao STF (Supremo Tribunal Federal)

A PF pediu a quebra do sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro e o da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

A defesa do ex-presidente afirmou que o ex-presidente "jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos" e colocou a movimentação bancária de Bolsonaro à disposição das autoridades.

Operação 'Resgate'

Mauro Cid também atuou em uma "operação resgate" sigilosa para recuperar um kit de joias presenteado pela Arábia Saudita. Um relógio que compunha o kit já havia sido vendido.

A "operação resgate" foi motivada por uma decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) que mandou Bolsonaro devolver as joias presenteadas ao Brasil.

O kit foi devolvido em 4 de abril, mas não houve menção de que as joias haviam saído do Brasil ou que haviam sido comercializadas.

A operação encoberta permitiu que, até o presente momento, as autoridades brasileiras não tivessem conhecimento que os bens foram alienados no exterior, descumprindo os normativos legais, com o objetivo de enriquecimento ilícito do ex-Presidente JAIR BOLSONARO, e posteriormente recuperados para serem devolvidos ao Estado brasileiro".
Polícia Federal, em manifestação ao STF

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