Bolsonaro coloca movimentação bancária à disposição da Justiça, diz defesa

A defesa de Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta (11) que o ex-presidente coloca sua movimentação bancária à disposição das autoridades. Segundo o comunicado, o presidente "jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos".

A Polícia Federal aponta que um esquema de vendas de joias e outros bens recebidos pela Presidência da República, no exterior, gerava dinheiro em espécie destinado ao ex-presidente.

Veja a nota na íntegra

Sobre os fatos ventilados na data de hoje nos veículos de imprensa nacional, a defesa do Presidente Jair Bolsonaro voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU -- ainda em meados de março, p.p. --, requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito. O Presidente Bolsonaro reitera que jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária
Nota oficial da defesa de Bolsonaro

As suspeitas da PF

A PF pediu ao Supremo a quebra do sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro. Segundo apurou o UOL com fontes ligadas à investigação, o objetivo é saber se o dinheiro da venda das joias chegou até o ex-presidente.

A suspeita é que os recursos gerados com as venda dos bens eram repassados a Bolsonaro em dinheiro vivo. Outros indícios da participação do ex-presidente se deve ao fato de as joias serem levadas ao exterior durante viagens presidenciais em aviões da FAB, segundo a PF.

Os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores
Trecho da manifestação da PF ao STF

A operação de hoje mirou o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, também alvo de buscas, o advogado Frederick Wassef e o assessor Osmar Crivelatti.

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Um dos casos ocorreu em uma viagem para os Estado Unidos em junho de 2022. Na ocasião, Mauro Cid se separou da comitiva presidencial e vendeu dois relógios de luxo por 68 mil dólares. Os valores foram depositados na conta de seu pai no exterior, o general Cid.

Nova tentativa de vender joias nos EUA após a derrota para Lula. Em outra viagem, realizada em 30 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro deixou o país pouco após ter perdido as eleições, também foram transportadas joias posteriormente colocadas à venda nos Estados Unidos.

"Estamos falando de 120 mil dólares"

Em um dos diálogos obtidos pela PF e levados ao Supremo, Cid conversa com outro assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, sobre as restrições existentes a respeito da venda dos bens no exterior.

O gabinete de documentação da Presidência havia informado que era necessário registrar oficialmente a doação do bem ao governo brasileiro e que a venda no exterior também precisaria ser comunicada.

Por isso, Câmara disse a Cid que desistiu de vender um determinado bem nos Estados Unidos e que sua ideia seria leiloar no Brasil posteriormente.

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Só dá pena porque estamos falando de 120 mil dólares. Hahahahha"
Mauro Cid, em mensagem obtida pela PF

Câmara responde: "O problema é depois justificar e para onde foi".

O que Moraes disse em sua decisão

O relatório da PF subsidiou a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes (leia aqui na íntegra) de decretar as buscas e apreensões realizadas hoje.

[Esses diálogos] evidenciam que, além da existência de um esquema de peculato para desvio do acervo privado do ex-presidente da República Jair Bolsonaro os presentes de alto valor recebidos de autoridades estrangeiras, para posterior venda e enriquecimento ilícito do ex-presidente, Marcelo Câmara e Mauro Cid tinham plena ciência das restrições legais da venda dos bens no exterior.

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