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PF mira Wassef e pai de Cid, suspeitos de negociar joias dadas a Bolsonaro

A Polícia Federal cumpre hoje mandados de busca e apreensão nos endereços do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cesar Barbosa Cid, e do advogado Frederick Wassef, que já defendeu o ex-presidente.

O objetivo é investigar desvios de joias e outros bens de valor obtidos pelo ex-ajudante de ordens em viagens oficiais no governo Bolsonaro e sua posterior venda ilegal no exterior.

A PF colheu indícios de que o pai de Cid, o general Cid, teria participado da venda dessas joias e chegou a emprestar sua conta bancária no exterior para o recebimento de valores desses negócios. A investigação também detectou que Wassef entrou no esquema com o objetivo de recomprar parte desses bens para devolvê-los ao Tribunal de Contas da União (TCU) quando as apurações começaram a mirar as joias dadas a Bolsonaro.

Barbosa Cid, preso desde maio, e o tenente do Exército Osmar Crivellati também foram alvos da operação. A coluna tenta localizar os citados. Crivelatti era responsável por guardar o patrimônio privado de Bolsonaro em uma área emprestada para ele na fazenda do ex-piloto Nelson Piquet, em Brasília.

Os investigados são suspeitos de usar a estrutura do governo brasileiro "para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior", informou a PF.

Os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, afirmou a polícia.

Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal dentro do chamado inquérito das milícias digitais e são cumpridos em Brasília, São Paulo e Niterói (RJ). Os fatos investigados configuram os crimes de peculato e lavagem de dinheiro, conforme a PF.

A operação foi batizada de Lucas 12:2, em referência ao versículo bíblico que diz: "Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido".

Procurada, a defesa do tenente-coronel Mauro Cid e do seu pai, o general Cid, não se manifestou sobre o caso.

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O general Mauro César Lourena Cid
O general Mauro César Lourena Cid Imagem: Divulgação/Alesp

Nos anos 1970, o hoje general da reserva Lourena Cid foi colega de Bolsonaro na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras). Ele dirigiu o Departamento de Educação e Cultura do Exército e foi chefe da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Miami durante o governo do ex-presidente.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, comentou a operação nas redes sociais. "Há muitos estudos que mostram que compra e venda de joias é um caminho clássico de corrupção e lavagem de dinheiro. Muitos veem como um crime 'seguro', que ficará escondido para sempre. Por isso, é essencial sempre investigar o assunto, quando há indícios de ilegalidade."

Ex-ajudante de Bolsonaro tentou vender Rolex

Documentos enviados à CPI do 8 de Janeiro mostraram que Mauro Cesar Barbosa Cid tentou vender por US$ 60 mil (cerca de R$ 292 mil) um relógio da marca Rolex recebido por Bolsonaro em viagem oficial à Arábia Saudita.

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O relógio foi dado ao então presidente em 30 de outubro de 2019 durante almoço oferecido pelo rei da Arábia Saudita à comitiva brasileira. Na ocasião, a defesa de Cid disse que não teve acesso ao material e, portanto, não iria se manifestar.

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