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'Cid dará versão conflituosa com a de Bolsonaro', diz advogado a jornal

Colaboração para o UOL, em Salvador

21/08/2023 07h41Atualizada em 21/08/2023 09h12

O advogado Cezar Bittencourt disse, em entrevista ao jornal O Globo, que "haverá um conflito de versões" entre o que será dito pelo tenente-coronel Mauro Cid, e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a venda de joias.

O que aconteceu

"Haverá um conflito de versões entre o meu cliente e o Bolsonaro. O Cid terá uma versão e o presidente terá a versão dele", disse Bittencourt ao colunista Lauro Jardim, em entrevista publicada hoje.

O advogado admitiu que as versões apresentadas por ele em entrevistas recentes "podem mudar uma coisa aqui e outra ali". Questionado sobre qual seria a versão de Mauro Cid, ele se esquiva: "Não posso antecipar as teses da defesa. Há o fator surpresa".

Cezar Bittencourt reforça que o cliente apenas obedecia ordens. "Era um assessor, portanto, ele foi um operador, um executor".

O advogado também afirmou ao jornal O Globo que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro entregou a ele documentos que vão ajudá-lo a montar sua defesa. Os dois se encontraram no sábado, no Batalhão da Polícia do Exército de Brasília, onde o tenente-coronel está detido desde 3 de maio.

Bittencourt diz que vai se apresentar ainda nesta semana ao delegado da Polícia Federal responsável pelas investigações do caso, e também ao ministro Alexandre de Moraes.

Confusão de versões

Desde que assumiu a defesa na quarta-feira (16), o advogado Cezar Bittencourt deu declarações confusas e divergentes sobre os próximos passos de Mauro Cid no caso envolvendo a venda de joias, investigado pela Polícia Federal.

Na quarta, em entrevista à GloboNews, o advogado disse que não sabia detalhes das acusações contra Cid porque havia recém-assumido a defesa do militar e nem sequer tinha encontrado o cliente. Mesmo sem conhecer o caso, Bitencourt havia afirmado que Cid é um "militar, mas ele é um assessor".

Na quinta-feira (17), o criminalista deu entrevista ao jornal Folha de S.Paulo com tom mais ameno. Logo na primeira pergunta, o advogado disse que já havia concedido muitas entrevistas e que a atitude poderia "irritar o outro lado também". "É bom não cutucar abelha com vara curta", afirmou.

Nos 30 minutos de entrevista, Cezar Bitencourt afirmou que o objetivo da Polícia Federal seria chegar até Bolsonaro, não Cid, e que a chance de fechar uma delação premiada seria "zero" e "nula".

Horas após a entrevista, a revista Veja publicou reportagem com uma nova versão de Bitencourt. Nela, ele disse que Cid decidira confessar a atuação na venda das joias e declarar que havia cometido o crime por ordem de Bolsonaro.

Na sexta-feira (18), porém, Bitencourt deu nova versão para o jornal o Estado de S. Paulo. "Não, não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Vejs (sic) não se falou em joias!", escreveu em mensagem.

À GloboNews, mais tarde, ele disse que o caso não se trata de joias, mas de somente uma: um relógio da marca Rolex. E que não se trataria de uma confissão, mas "esclarecimentos" a serem feitos aos investigadores.

Em nova entrevista ao Estadão, publicada ontem, o advogado disse que dará "20, 30 versões" e que "pode dizer o que quiser".

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