CPI de 8/1: Relatora e pastor batem boca sobre sigilo de Zambelli e Wassef
Uma reunião fechada da CPI que investiga os atos de 8 de janeiro foi encerrada hoje após a relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e o deputado Marco Feliciano (PL-SP) baterem boca em razão da possibilidade de quebra de sigilo da deputada Carla Zambelli (PL-SP) — a troca de farpas continuou nas redes sociais. A sessão da CPI foi cancelada.
O que aconteceu
A discussão foi acalorada, outros parlamentares tiveram que intervir, segundo relatos de quem participava da reunião. O presidente do colegiado, o deputado Arthur Maia (União-BA), acabou encerrando o encontro, que aconteceu pela manhã.
Relacionadas
A relatora defendeu que fosse votada a quebra de sigilo de Zambelli, apontada como a responsável por contratar o hacker Walter Delgatti. Ele teria como missão deslegitimar o processo eleitoral, segundo afirmou em depoimento à comissão na semana passada.
"Respeite a relatora, porque aqui não é a sua igreja". Essa foi a frase dita a Feliciano pelo deputado Rogério Correa (PT-MG), quando o pastor bolsonarista chamou a relatora de "injusta". De acordo com congressistas, ele se levantou da cadeira e começou a gritar com a relatora.
Alguns integrantes da CPI citam machismo por parte do pastor, pois alegam ser recorrente esse comportamento contra Eliziane. Na reunião, outros congressistas próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e os deputados do PL, saíram em defesa de Zambelli.
Após a reunião, Feliciano foi às redes sociais para dizer que questionou "um requerimento em específico" e que "pediu à senadora para ser justa".
Ela ficou em pé, levantou a voz e apontou o dedo para mim! Questionei se fosse um homem fazendo aquilo. Aí ela se alterou ainda mais e partiu para covardia em atacar minha religião, que por acaso é a mesma dela, e então disse a ela que o pastor fica no púlpito da igreja e que ali ela estava falando com um parlamentar com mandato como o dela. No final seguindo os ensinamentos bíblicos, nos acertamos e está tudo bem.
Marco Feliciano (PL-SP), em postagem no ex-Twitter
Elizane rebateu o colega em outro tuíte, afirmando Feliciano pediu perdão e foi para as "redes sociais tripudiar". Ambos integram a Assembleia de Deus.
O diabo é pai da mentira e a verdade liberta. Assuma seus atos e diga a todos que quem partiu para cima de uma mulher foi o senhor. Leia o provérbio 12:22. O que o incomoda? Deus abomina a hipocrisia.
Eliziane Gama (PSD-MA), senadora e relatora da CPI do 8/1
O presidente da comissão, o deputado Arthur Maia, afirmou na reunião que conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre a situação de Zambelli e o impacto que seria quebrar o sigilo dela e convocá-la. A oposição trabalha para que ela seja convidada e que não tenha os sigilos quebrados.
Sigilo de Wassef também acirrou ânimos
Outro tema da reunião que levou à discussão foi a quebra de sigilo de Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro. Flávio Bolsonaro se destacou na defesa do amigo da família, junto com Feliciano.
Estava na mira ainda dos governistas o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Os liberais defenderam o cacique, mas os relatos são de que houve maior empenho no caso de Zambelli e Wassef.
Sem conseguir controlar os parlamentares, Maia precisou encerrar a reunião sem uma pauta definida. A sessão desta terça (22) foi cancelada. O presidente vai definir uma lista de requerimentos e irão a voto.
Maia também teria sinalizado na reunião, de acordo com os participantes, que o prazo para a CPI estava curto para tantos requerimentos de convocação que estavam sendo apresentados.
Na avaliação de governistas, como ele sempre tentou definir uma pauta via acordo e agora não conseguiu, será mais trabalhoso lidar com a reta final da comissão, se houver novos requerimentos de convocação com apelo, como o de Zambelli, e novas quebras de sigilo.