PF intima Carla Zambelli a depor após declarações de hacker da Vaza Jato
Do UOL, em São Paulo
29/08/2023 12h27
A Polícia Federal intimou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a depor sobre as declarações de Walter Delgatti Neto à CPI do 8/1. Conhecido como 'hacker da Vaza Jato', ele disse aos parlamentares que foi convidado por Zambelli para fraudar urnas eletrônicas.
O que aconteceu?
Depoimento acontecerá em setembro, disse a defesa da deputada ao UOL.
Hacker contou à CPI que a deputada organizou uma trama para atentar contra o sistema de votação. Ele teria sido procurado pela deputada no ano passado durante a campanha para provar que as urnas poderiam ser fraudadas.
Sim, recebi [proposta de benefício]. Inclusive, a ideia ali era eu receber um indulto do presidente [Jair Bolsonaro]. Ele havia concedido indulto ao deputado [Daniel Silveira] e como eu estava investigado pela [operação] Spoofing, impedido de acessar a internet e trabalhar, eu estava visando esse indulto, que foi oferecido no dia.
Walter Delgatti, hacker, à CPI
Delgatti teria recebido R$ 40 mil da Carla Zambelli em pagamentos pelos serviços, segundo o advogado dele, Ariovaldo Moreira. A parlamentar teria feito depósitos que chegam a R$ 14 mil e o restante do valor foi feito em espécie. Ela nega as acusações.
Qual era o suposto plano?
Em 2022, Walter Delgatti Neto teria sido procurado por Carla Zambelli, que intermediou um encontro entre o hacker e Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada. O objetivo da reunião foi, segundo o hacker, para explicar detalhes do sistema das urnas eletrônicas — o então presidente divulgou diversas fake news sobre o sistema eleitoral brasileiro, inclusive em uma reunião com embaixadores, que o tornou inelegível por oito anos após decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Além das urnas, Delgatti também disse que lhe pediram para grampear o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A ideia, segundo falou, seria invadir o celular do ministro.
Walter Delgatti Neto ganhou projeção nacional em 2019 após vazar conversas de procuradores da República que participavam da Operação Lava Jato. A divulgação das conversas ficou conhecida como Vaza Jato.
Na época, Delgatti foi preso na Operação Spoofing e admitiu ter hackeado o celular de diversas autoridades brasileiras — entre elas: Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros procuradores da Operação Lava Jato.
Em 2020, ele foi colocado em regime semiaberto, com tornozeleira eletrônica e restrição ao uso de internet.
Em junho deste ano, Delgatti foi preso novamente por descumprir uma medida da Justiça que o proibia de acessar a internet. No entanto, ele foi colocado em liberdade novamente. Então, no último dia 2 de agosto, ele foi preso mais uma vez. Agora, Delgatti é acusado de participar de um ataque contra o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para emitir um falso pedido de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Delgatti foi condenado a 20 anos de prisão pelas ações da Vaza Jato. Pena foi estabelecida pela 10ª Vara Federal de Brasília no último dia 21.