Cid perguntava se poderia vender presentes, diz chefe no Planalto
Do UOL, em São Paulo
01/09/2023 07h44Atualizada em 01/09/2023 09h44
Mauro Cid ligou para o Gabinete de Documentação Histórica do Planalto para perguntar se poderia vender itens recebidos pela Presidência, mas nunca comunicou a União sobre a venda. A informação é do ex-chefe de gabinete Marcelo Vieira.
O que aconteceu:
Marcelo Vieira diz que recebeu ligações de Cid para tirar dúvidas sobre a venda de presentes recebidos em viagens oficiais. A declaração foi dada à revista veja.
Cid me ligava e perguntava: "Pode vender?". Eu respondia: "Pode, desde que obedeça à lei". O gabinete não emite juízo de valor. A gente só responde aquilo que nos perguntam de acordo com a legislação.
Vieira explica que, em caso de venda, a União tem direito de preferência e deve ser informada. "Os presentes não podem ser alienados para o exterior sem manifestação expressa da União"
Cid nunca comunicou oficialmente sobre a intenção de vender as joias, o que caracteriza uma irregularidade. "Se quiser vender ou mesmo doar algo do acervo privado presidencial, tem de avisar a União".
Segundo Vieira, um relógio "independentemente do valor" é considerado um bem personalíssimo e, em tese, poderia ser vendido. No início do ano, aliados de Bolsonaro fizeram uma operação "resgate" para recuperar um Rolex de diamantes vendido nos EUA e devolver ao TCU.
A PF investiga um esquema de desvio e venda ilegal de presentes recebidos pela gestão Jair Bolsonaro em viagens ao exterior. Marcelo Vieira é um dos investigados.
A investigação também apura se o dinheiro obtido pela venda de joias ia para contas de Bolsonaro ou da ex-primeira-dama Michelle. Em depoimento à PF ontem, Bolsonaro e Michelle optaram por ficar em silêncio.