Rolex dado a Bolsonaro foi vendido e recomprado para ser devolvido ao TCU
A Polícia Federal constatou que o relógio Rolex, que integrava o kit de joias sauditas recebidas por Jair Bolsonaro (PL) em uma viagem oficial em 2019, foi vendido nos Estados Unidos e recomprado por um preço mais alto após o TCU (Tribunal de Contas da União) ordenar a devolução dos presentes que o ex-presidente ganhou.
O que aconteceu
O general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, vendeu o Rolex e outro relógio de luxo por US$ 68 mil (cerca de R$ 326 mil, na cotação atual), de acordo com a PF.
Depois da determinação do TCU, no entanto, o advogado Frederick Wassef, que já defendeu o clã Bolsonaro em processos, recomprou o objeto. Segundo informações da polícia, ele precisou pagar um valor maior do que aquele obtido na venda.
A PF avaliou que "toda a operação foi realizada de forma escamoteada, fato que permitiu os investigados devolverem os bens sem revelar que todo o material estava fora do país, ao contrário das afirmações prestadas".
Para os investigadores, a operação escondeu das autoridades brasileiras que os bens foram alienados no exterior, "com o objetivo de enriquecimento ilícito do ex-presidente Jair Bolsonaro, e posteriormente recuperados para serem devolvidos ao Estado brasileiro".
Segundo a investigação, o relógio Rolex foi vendido para a empresa Precision Watches e recuperado em 14 de março deste ano por Wassef. Ele retornou com o bem ao Brasil em 29 de março. Em 2 de abril, Mauro Cid e Wassef se encontraram em São Paulo, quando o advogado entregou ao tenente-coronel o objeto. Cid voltou a Brasília nesta data e entregou o relógio a Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro.
A PF informou que Cid apagou a maior parte das mensagens trocadas com Wassef, mas a instituição teve acesso ao conteúdo por meio de uma ferramenta forense, ique dentificou que existiram interações pelo aplicativo WhatsApp entre eles em determinadas datas e horários.
Identificou-se, em acréscimo, que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-Presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem localização e propriedade dos valores.
Trecho do relatório da PF enviado ao Supremo
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