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Lula evita falar sobre delação de Mauro Cid, mas vê Bolsonaro 'envolvido'

Beatriz Gomes e Robson Santos

Do UOL, em São Paulo

11/09/2023 01h36Atualizada em 11/09/2023 07h47

O presidente Lula (PT) disse desconhecer o acordo de delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid homologado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, mas comentou que "o tempo vai se encarregar" de mostrar que Bolsonaro estava "envolvido até os dentes" com a perspectiva de um golpe de Estado.

O que aconteceu

Em entrevista à imprensa na Índia, onde participou da cúpula do Grupo dos 20 (G20), Lula disse desconhecer o acordo de delação de Cid, mas declarou "que a cada dia vai aparecendo as coisas e vamos ter certeza de que havia a perspectiva de um golpe", referindo-se aos atos golpistas de 8 de janeiro.

Para o presidente, Jair Bolsonaro (PL) está "altamente comprometido". Lula acrescentou que "o ex-presidente estava envolvido até os dentes" com atos golpistas.

"Prefiro não dar palpite sobre o que eu não conheço", afirmou Lula ao responder à pergunta sobre o acordo de delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Com relação à delação premiada [de Mauro Cid], eu não conheço. Não posso dar palpite sobre o que eu não conheço. Não sei o que está lá: só sabe o delegado que ouviu e o coronel que prestou depoimento. O resto é especulação. Eu acho que ele [Jair Bolsonaro] está altamente comprometido. Cada dia vai aparecer mais coisas e cada dia nós vamos ter certeza de que havia a perspectiva de golpe, e que o ex-presidente estava envolvido nela até os dentes. É isso que vai ficar claro. O tempo vai se encarregar.
Lula

O petista citou também a venda de presentes sauditas: "A única chance que Bolsonaro tinha de não participar disso [atos golpistas] era quando estava ocupado em vender as joias".

As declarações de Lula ocorreram na coletiva de imprensa que Lula participou na madrugada de hoje (11) no encerramento da cúpula de líderes do G20, em Nova Déli, na Índia.

Delação homologada

O ministro Alexandre de Moraes homologou no sábado (9) a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid, preso desde 3 de maio, também deixou a prisão após liberdade provisória concedida.

O acordo homologado por Moraes foi firmado entre Cid e a Polícia Federal após verificar a "regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade". As informações são da assessoria do STF.

Moraes determinou que Cid terá que cumprir uma série de medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica. Ele também ordenou o cancelamento de passaporte, a suspensão do porte de arma de fogo do militar e a proibição do uso de redes sociais.

Cid esteve no STF na última quarta-feira acompanhado por seu advogado, Cezar Roberto Bitencourt, e se reuniu com um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes para tratar da delação.

Exército afasta Cid de suas funções

O Exército informou ontem que o tenente-coronel Mauro Cid ficará sem ocupar o cargo. Mesmo sem exercer função, Cid receberá R$ 27 mil por mês.

A medida do Exército ocorre após decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes. Ao conceder liberdade provisória a Cid ontem, Moraes determinou que o comandante da Força, general Tomás Paiva, afastasse o militar das suas funções.

O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Exército Brasileiro cumprirá a decisão judicial expedida pelo Ministro Alexandre de Moraes e o Tenente-Coronel Mauro César Barbosa Cid ficará agregado ao Departamento-Geral do Pessoal (DGP) sem ocupar cargo e exercer função. Nota divulgada pelo Exército Brasileiro

Bolsonaro e Michelle citam Deus

E após Mauro Cid ganhar liberdade provisória, neste sábado (9), com o acordo de delação homologado por Alexandre de Moraes, o ex-presidente Bolsonaro postou um vídeo em que diz sempre ter escutado três frases do povo: "Não desista"; "Deus te abençoe"; "Estamos orando por você".

Em um culto na quinta (7), Michelle Bolsonaro disse, chorando e enrolada em uma bandeira do Brasil, que ela e o marido estavam sendo "perseguidos e injustiçados". A ex-primeira-dama também declarou que "todos aqueles que tivessem Cristo como o Senhor salvador seriam perseguidos".

O advogado Fábio Wajngarten, que representa o ex-presidente, diz ter preocupação "zero" com as informações que o ex-ajudante de ordens pode levar à Polícia Federal.

"Não há absolutamente nada que o tenente-coronel Cid possa delatar que se relacione com o presidente", disse.

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