'Muita gente não desejava largar o poder', diz Múcio após delação de Cid
Do UOL, em São Paulo
22/09/2023 12h14Atualizada em 22/09/2023 12h14
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse hoje que "muita gente não desejava deixar o poder", em reação à delação premiada de Mauro Cid.
O que aconteceu:
Ele voltou a comentar sobre o posicionamento do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos: "Ele [Garnier] não me recebeu, eu percebia, os outros comandantes me receberam. Não sei se ele tinha aspirações golpistas, mas a gente via. Era outro governo, outros comandantes, outro presidente", disse.
"Na verdade, a gente percebia que muita gente não desejava deixar o poder, largar o poder", completou, em entrevista a jornalistas na saída do ministério.
Múcio disse também que agora aguarda a CPI do 8/1 e o ministro Alexandre de Moraes divulgarem os nomes dos envolvidos "para que nós tomemos as providências".
Mas evidentemente precisamos esclarecer essas coisas para deixarmos de suspeitar de todo mundo e punir os culpados
José Múcio Monteiro, ministro da Defesa
Mais cedo, Múcio disse que as defesas a um golpe militar apontadas por Mauro Cid seriam atos isolados, mesmo envolvendo pelo menos um nome do alto escalão das Forças Armadas durante o governo Bolsonaro.
O ministro comentou que o almirante Almir Garnier pode até ter sido favorável a um golpe, mas que isso não refletiu o resto da Marinha do Brasil. José Múcio concedeu entrevista à revista Veja na manhã de hoje.
Eu acho que essa questão dos golpes eram questões isoladas. Podia o Garnier querer, mas a Marinha não queria. O Freire Gomes eu não sei se queria, não senti nenhuma tendência disso, nem do Batista Jr. Eles podem ter participado de reuniões porque o presidente da República os convocava.
José Múcio Monteiro, em entrevista à Veja
Delação de Cid cita Garnier
O colunista do UOL Aguirre Talento apurou que tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teria afirmado na sua delação premiada que Santos se mostrou favorável ao plano golpista durante as conversas de bastidores, mas não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas.
É uma coisa pessoal. Sabia, mas ele passou. [Jornalista: Mas o senhor sabia?] Olha, ele não me recebeu para conversar, depois, nós nos encontramos, eu conversei. Mas era uma posição pessoal, havia um presidente eleito, havia um presidente empossado, a Justiça promulgou, de maneira que nós estávamos 100% do lado da lei, e ele não.
José Múcio Monteiro
O almirante já havia demonstrado publicamente a insatisfação com o governo Lula ao negar a sua participação na cerimônia de transmissão do cargo ao comandante da Marinha escolhido pelo petista, Marcos Sampaio Olsen, em uma quebra de protocolo.