'Negociar com a Câmara é sempre um prazer e difícil', diz Lula após veto
Do UOL, em São Paulo
23/01/2024 08h29Atualizada em 23/01/2024 10h02
O presidente Lula (PT) diz que faz a negociação "possível" com o Congresso após vetar do Orçamento R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares.
O que aconteceu
Lula diz que negociar com a Câmara é "sempre um prazer e sempre difícil" e que a maioria dos deputados eleitos são contra o governo. Ele foi entrevistado hoje pela Rádio Metropole, do Jornal da Bahia.
O presidente se colocou à disposição para conversar com as lideranças partidárias e explicar o veto às emendas de comissão (controladas por parlamentares). O Congresso ainda pode derrubar o veto.
Lula também afirmou que tenta restabelecer uma relação democrática com o Congresso após quatro anos de governo de Jair Bolsonaro (PL). "O ex-presidente não tinha governança. Quem governava era o Congresso. Decidimos estabelecer uma relação democrática e as coisas estão indo. Se não 100% do que a gente queria, mas um percentual razoável, de 60%, 70%".
As emendas são recursos que os deputados e senadores enviam para suas bases eleitorais para custear obras ou outros serviços públicos. A ministra Simone Tebet (Orçamento e Planejamento) prometeu aos líderes uma alternativa no orçamento para sanar o buraco.
Respeito as diferenças e as diferenças me permitem negociar. Não quero saber se o deputado é de direita ou de esquerda, eu quero que o deputado seja a favor do Brasil.
Presidente Lula na Rádio Metropole
Governo fala em controle do orçamento
A justificativa oficial é de que a redução das emendas se dá pelo aumento de inflação. Na prática, a medida também diminui o controle do Legislativo sobre o Orçamento.
"Esse veto foi unicamente em decorrência de uma circunstância, que é a menor inflação em 2023", afirmou Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso. "Isso impôs a necessidade de termos alguns vetos."
Deputados cobram contrapartida
Na sanção, Tebet prometeu às lideranças parlamentares presentes que o valor será compensado. Segundo Luiz Carlos Motta (PL-SP), esta será uma condicionante para que o Congresso não derrube os vetos.
Ao sair da reunião, ele afirmou que os deputados ficaram "tristes" com os vetos, mas que o governo "se comprometeu a fazer um trabalho" e discutir com o Congresso. "Isso que vamos tentar construir até a próxima sessão do Congresso. Logicamente, se não achar solução, objetivo dos parlamentares é logicamente derrubar o veto".
"Há inúmeras possibilidades para fazer os ajustes necessários das reivindicações justas do Congresso Nacional", afirmou Randolfe. "É possível, no decorrer do ano, por ajustes, com PLNs [projetos de lei], enfim..."