OPINIÃO
Maierovitch: Mesmo de fora, Ramagem continuava diretor de fato da Abin
Colaboração para o UOL, em São Paulo
30/01/2024 18h59Atualizada em 08/02/2024 22h02
A captura de tela da conversa de assessora do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) com Alexandre Ramagem (PL-RJ) tem data de quando ele já não comandava a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Contudo, mesmo de fora, Ramagem continuava diretor de fato da Abin, disse o jurista e colunista do UOL Wálter Maierovitch durante o UOL News desta terça (30).
Não vamos nos perder em detalhes. O [Alexandre] Ramagem nunca saiu da Abin. Por quê? Comandando de fora o gabinete, continuava um diretor. Um diretor de fato da Abin. Tem o diretor de direito e tem o diretor de fato. Tudo indica que ele era o diretor de fato. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Nessas mensagens, isso aí é para a defesa no processo e o juiz vai saber bem que isso nada vai esclarecer a verdade real, que é o que se busca. Formar gabinete paralelo, dizem os manuais de inteligência, significa atentar contra a defesa da Pátria. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Ao falar que existem indicativos evidentes de que houve um gabinete paralelo secreto, Maierovitch explica uma expressão chamada "espiolhar nugas", que diz sobre inquérito e processo não serem lugares para procurar detalhes.
O que significa espiolhar nugas naquele vernáculo de antigamente? Estamos falando do código de processo penal, da exposição de motivos. Espiolhar nugas significa que no inquérito e no processo não é lugar para catar quinquilharias, para você ficar no detalhe para desviar atenções. É isso que eu tô vendo nessa troca de mensagens. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Por que? Porque tem indicativos evidentes de que existia um gabinete paralelo secreto. Hoje cedo, um passarinho que pousa na minha janela e tinha voltado de Brasília me contou, já que ele mora no local da Abin, esse passarinho [uma fonte] que conhece profundamente tudo aquilo porque já esteve lá, me disse o seguinte: existia um grupo que atuava secretamente, não se comunicava com outros agentes que nem tinham conhecimento do que esse grupo fazia. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Conforme Maierovitch, é preciso ficar de olho nas nomeações de pessoas de fora da Abin feitas por Ramagem e que foram levadas para a agência vindas da PF, onde o hoje deputado federal era delegado.
E disse o passarinho: se o senhor verificar em todos os manuais do mundo inteiro de inteligência, existe uma brecha. Se procura usar e a Abin tem essa brecha, ou seja, nomeações. Nomeações de gente de fora, e o que aconteceu? Ramagem é gente de fora. Ele é um delegado de Polícia Federal, trouxe com ele vários outros integrantes da PF e cooptou alguns da Abin. Esse pessoal atuava sem comunicação dos demais. Ninguém sabia na Abin o que eles realizavam, qual era a tarefa. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Em um serviço de inteligência, como tudo é muito secreto, existe sempre uma desconfiança. Isso foi visto 'olha, estão resolvendo algumas coisas'. Então, esse é o contexto. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
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