Leia relatório da PF que indiciou Bolsonaro por fraude no cartão de vacina
Do UOL, em São Paulo
19/03/2024 13h28Atualizada em 19/03/2024 13h32
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu ex-ajudante de ordens, coronel Mauro Cid, e outras 15 pessoas foram indiciadas hoje pela Polícia Federal por falsificarem certificados de vacina da covid-19.
O que aconteceu
O relatório da PF tem mais de 200 páginas e detalha como as falsificações foram feitas. Leia a íntegra do documento.
O caso dos dados de vacinação de Bolsonaro envolve cinco indiciados. São eles: o ex-presidente, os ex-assessores Max Guilherme Machado e Sérgio Rocha Cordeiro, o ex-secretário de governo de Duque de Caxias (RJ) João Carlos de Souza Brecha e o ex-major do Exército Ailton Barros.
Grupo falsificou dados de vacinação do ex-presidente e da filha dele, Laura Bolsonaro. Segundo a PF, também foram falsificados os dados dos dois ex-assessores —Machado e Cordeiro — para que todos pudessem viajar aos Estados Unidos em dezembro de 2022, nos últimos dias de governo. Nesse episódio, o ex-secretário de Duque de Caxias inseriu no sistema do Ministério da Saúde a informação falsa de que Bolsonaro tomou duas doses da vacina na cidade. Esse contato, segundo a PF, foi mediado por Barros, que era próximo do ex-presidente.
Bolsonaro teria conhecimento da falsificação do documento e orientou Mauro Cid para isso. "Os elementos de prova coletados ao longo da presente investigação são convergentes em demonstrar que Jair Messias Bolsonaro agiu com consciência e vontade determinando que seu chefe da Ajudância de Ordens intermediasse a inserção dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha", diz a PF.
As 17 pessoas indiciadas pela PF são:
- Ailton Gonçalves Barros, advogado e ex-major, expulso do Exército;
- Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da Prefeitura de Duque de Caxias;
- Célia Serrano da Silva, secretária de Saúde de Duque de Caxias;
- Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora da Prefeitura de Duque de Caxias;
- Eduardo Crespo Alves, segundo sargento do Exército;
- Farley Vinicius Alcântara, médico;
- Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid;
- Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente;
- João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias;
- Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército;
- Marcelo Costa Câmara, assessor de Bolsonaro;
- Marcelo Fernandes Holanda;
- Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Max Guilherme Machado, assessor de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Da Costa Ferreira;
- Sérgio Rocha Cordeiro, assessor de Bolsonaro;
Defesa de Bolsonaro: "Indiciamento é parcial"
Advogado de Bolsonaro diz que a defesa ainda não teve acesso às atualizações do processo. Fabio Wajngarten criticou o que chamou de vazamento "midiático e parcial" em vez de um ato " técnico e procedimental" por parte da PF.
Polícia Federal enviou indiciamento ontem. O caso deve ser apreciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), que pode arquivar ou apresentar denúncia.