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Barroso: Se o STF não reage, quem perder vai achar que pode tentar o golpe

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, afirmou que, se a Justiça não reagir às descobertas de tentativa de golpe de Estado por grupos bolsonaristas, quem perder as próximas eleições "vai achar que pode fazer a mesma coisa".

O que Barroso disse

Barroso defendeu uma postura firme do STF frente às descobertas sobre minuta golpista, que acabaram integrando os julgamentos sobre os ataques de 8 de janeiro —a Suprema Corte já condenou 86 envolvidos nos atos. "O direito tem esse papel dissuasório de novos comportamentos ilícitos", afirmou em entrevista ao jornal O Globo, divulgada hoje.

Se a Justiça não reage de maneira adequada, nas próximas eleições o grupo que perder vai achar que pode fazer a mesma coisa. Ou se nós não enfrentamos a tentativa de golpe, o próximo que perder também vai achar que pode articular um golpe.
Luís Roberto Barroso, em entrevista

Para o ministro, as descobertas sobre tentativa de golpe são "muito graves" e justificam o prolongamento do inquérito. "Eu tinha a expectativa de que quando acabássemos de julgar os casos do 8 de Janeiro, naturalmente, o inquérito caminharia para uma conclusão. Mas aí veio a questão da articulação de um golpe de Estado", argumentou.

Barroso evitou falar sobre o possível envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama. "Processo, para mim, é prova. Portanto, o processo ainda não chegou ao plenário do Supremo. Não tenho opinião sobre isso e, mesmo que tivesse, jamais a anteciparia."

Alvo de críticas frequentes de Bolsonaro, o ministro disse ainda que o pior momento do governo anterior foi a campanha pelo voto impresso. Ainda presidente, Bolsonaro chegou a indicar que não aceitaria o resultado das eleições caso o dispositivo de impressão não fosse aplicado.

O pior momento [do governo Bolsonaro] foi o risco da volta do voto impresso, porque sempre achei que ali estava o germe do golpe, a volta ao modelo fraudulento de eleições para poder alegar que houve fraude. Achei que era uma batalha de quase vida ou morte pela democracia brasileira.
Luís Roberto Barroso, em entrevista

O ministro afirmou ainda que as Forças Armadas tiveram comportamento "desleal" por "vazarem informações" da comissão de transparência eleitoral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), então presidido por ele, em 2022. "O que aconteceu ali foi a prova do que uma má liderança pode fazer com uma instituição. Mas as Forças Armadas, no momento decisivo, não embarcaram no golpe", declarou o ministro.

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