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Bolsonaro em Copacabana: ato tem ataques a Moraes e salva de palmas a Musk

Do UOL, em São Paulo e no Rio

21/04/2024 04h00Atualizada em 21/04/2024 16h00

Jair Bolsonaro (PL) participou hoje de uma manifestação em Copacabana, no Rio, dois meses após atrair uma multidão ao ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo.

O que aconteceu

Bolsonaro pediu uma salva de palmas para Elon Musk. Ele definiu o empresário como "um homem que teve a coragem de mostrar para onde a nossa democracia estava indo". A fala é uma menção ao Twitter Files, uma troca de e-mails com veracidade não-confirmada na qual funcionários da plataforma relatam sofrer pressão de autoridades brasileiras para acessar dados sigilosos.

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"Alexandre de Moraes é uma ameaça à democracia", afirmou Silas Malafaia. Organizador do ato, o pastor da Assembleia de Deus classificou como arbitrárias várias decisões recentes do ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele classificou o inquérito das fake news, tocado por Moraes, como "aberração jurídica".

Malafaia também fez críticas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a comandantes militares. Pacheco foi chamado de "frouxo, covarde, omisso" por não abrir um processo de impeachment contra Moraes. Segundo o pastor, os chefes de Exército, Marinha e Aeronáutica deveriam renunciar a seus cargos e mantê-los vagos até que o Senado fizesse "uma investigação profunda" sobre o caso da suposta tentativa de golpe de Estado.

Outro lado: o UOL apurou que o STF e o Congresso não devem responder às provocações de hoje feitas por Silas Malafaia. A assessoria de Lula disse que as críticas de Malafaia em ato pró-Bolsonaro são assunto da Justiça. "São questões que estão nos âmbitos de inquéritos policiais e da Justiça."

Milhares de pessoas acompanharam a manifestação. A Secretaria de Segurança Pública do Rio não fez estimativa de público presente no ato.

Bolsonaro evita falar em STF

Ex-presidente não citou Moraes. Na fala de mais de 30 minutos, ele lembrou a facada em 2018, a campanha que o levou à presidência e a suposta perseguição que tem sofrido desde então. "O sistema não gostou dos quatro anos nossos e passou a trabalhar contra a liberdade de expressão", disse.

Bolsonaro se defendeu do suposto envolvimento na elaboração da chamada "minuta do golpe". Ele repetiu o argumento usado no ato de fevereiro em São Paulo e disse que não poderia mandar um pedido de estado de sítio ao Congresso sem exposição de motivos.

Ex-presidente voltou a defender anistia para envolvidos em 8 de janeiro. "Anistia é algo que sempre existiu na história do Brasil", disse ele. "Não queiram condenar um número absurdo de pessoas porque alguns erraram invadindo e depredando patrimônio como se fossem terroristas ou golpistas", afirmou depois.

Conflito no Oriente Médio foi lembrado. Segundo Bolsonaro, Lula está a favor do Irã e do Hamas e não de Israel, aliado dos Estados Unidos (visto como um parceiro estratégico para o Brasil por Bolsonaro).

Quando estive com Elon Musk, em 2022, começaram a me chamar de 'mito'. Eu disse 'não, aqui sim temos um mito da liberdade: Elon Musk'.
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República

Fala teve espaço para acenos eleitorais. Bolsonaro chamou Haddad de "pior prefeito da história de São Paulo" e citou pré-candidatos presentes no ato.

Outros discursos

Michelle Bolsonaro foi a primeira a falar. Em mais de um momento, ela destacou a importância de 2024 como um ano decisivo por conta das eleições e o papel de destaque do Rio no jogo eleitoral. Ao fim de sua fala, ela convocou os presentes a rezar um Pai Nosso. "O Brasil é para o senhor Jesus. O Rio pertence ao senhor Jesus", declarou Michelle.

Ex-primeira-dama voltou a defender mulher ajudando marido na política. Ela também criticou feministas e afirmou que a busca é por um país menos desigual.

Mulheres sábias até edificam uma nação, e é essa mensagem que nós queremos passar para vocês, mulheres femininas, mulheres fazendo uma política feminina, e não feminista. Estamos aqui para fazer uma política colaborativa, mulheres ajudando seus esposos junto na construção de um país melhor, mais igualitário.
Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama

Apoio a Elon Musk em discursos e cartazes. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) disse que o país "se tornou hoje o cenário da batalha pela liberdade no mundo inteiro" e que Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), acompanha o ato "com certeza". O parlamentar falou algumas palavras em inglês no fim da fala. O também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também citou Musk em seu discurso.

Malafaia fez críticas a Globo e a outros grupos de comunicação. "Bolsonaro não propôs golpe de Estado", disse ele. O pastor defendeu que o blogueiro Alan dos Santos, o ex-deputado federal Daniel Silveira e outras figuras foram alvos de decisões por "crime de opinião", ilícito não previsto na lei brasileira.

O presidente do PL Valdemar da Costa Neto foi vaiado ao citar o nome do senador Romário (PL). Senador foi citado como um dos nomes do partido no Rio. Apesar de ser filiado ao PL hoje, Romário não é visto como um nome alinhado ao bolsonarismo — o que justifica a situação.

Governador do Rio, Cláudio Castro estava presente e subiu ao trio. Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro, o general Braga Netto (PL) também compareceu. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal no último dia 8 de fevereiro por suspeita de atuar em tentativa de golpe de Estado.

Manifestação Bolsonaro (21/04/24) Imagem: Reprodução de vídeo / Youtube / Silas Malafaia oficial

Uma vaquinha foi organizada para financiar os gastos com o ato. Articulada pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a iniciativa levantou R$ 125 mil. Ao todo, 25 parlamentares doaram R$ 5 mil, cada um, para custear o aluguel dos trios elétricos e outras despesas.

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