Bolsonaro exalta Musk, não cita Moraes e diz que eleição 'é página virada'
Do UOL, no Rio e em São Paulo
21/04/2024 12h38Atualizada em 21/04/2024 16h36
Jair Bolsonaro (PL) usou o ato em Copacabana, no Rio, para dizer que as eleições de 2022 são "página virada" e exaltar Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) e seu aliado na queda de braço com o STF (Supremo Tribunal Federal).
O que aconteceu
Bolsonaro não citou o ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente começou a discursar 1h20 após o início do ato. Na fala de 34 minutos, ele lembrou a facada em 2018, a campanha que o levou à presidência e a suposta perseguição que tem sofrido desde então. "O sistema não gostou dos quatro anos nossos e passou a trabalhar contra a liberdade de expressão", disse.
"Alexandre de Moraes é uma ameaça à democracia", afirmou Silas Malafaia, que discursou momentos antes de Bolsonaro. Organizador do ato, o pastor da Assembleia de Deus classificou como arbitrárias várias decisões recentes do ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele classificou o inquérito das fake news, tocado por Moraes, como "aberração jurídica".
Ex-presidente pediu salva de palmas para Elon Musk. Ele definiu o empresário como "um homem que teve a coragem de mostrar para onde a nossa democracia estava indo". A fala é uma menção ao Twitter Files, uma troca de e-mails com veracidade não-confirmada na qual funcionários da plataforma relatam sofrer pressão de autoridades brasileiras para acessar dados sigilosos.
Quando estive com Elon Musk, em 2022, começaram a me chamar de 'mito'. Eu disse 'não, aqui sim temos um mito da liberdade: Elon Musk'
Jair Bolsonaro, ex-presidente da república
No X, Musk nega agir "a favor ou em desfavor de qualquer candidato". Em resposta a um tuíte com imagens do ato, ele disse que está só "tentando seguir as leis do Brasil". Em outro tuíte, afirmou que multidões não foram às ruas defender Moraes "porque ele está contra o desejo das pessoas e, portanto, da democracia".
Ex-presidente se defendeu de suposto envolvimento na elaboração da chamada 'minuta do golpe'. Ele repetiu o argumento usado no ato de fevereiro em São Paulo e disse que não poderia mandar um pedido de estado de sítio ao Congresso sem exposição de motivos.
Para Bolsonaro, eleições de 2022 são 'página virada'. Mesmo assim, ele não poupou críticas a Lula (PT), a quem acusou de estar a favor do Irã e do Hamas no conflito do Oriente Médio.
Bolsonaro voltou a defender anistia para envolvidos em 8 de janeiro. "Anistia é algo que sempre existiu na história do Brasil", disse ele. "Não queiram condenar um número absurdo de pessoas porque alguns erraram invadindo e depredando patrimônio como se fossem terroristas ou golpistas", afirmou depois.
Malafaia ataca presidente do Senado
Pastor criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e comandantes militares. Segundo o pastor, os chefes de Exército, Marinha e Aeronáutica deveriam renunciar a seus cargos e mantê-los vagos até que o senado fizesse "uma investigação profunda" sobre o caso da suposta tentativa de golpe de Estado.
Pacheco foi chamado de "frouxo, covarde, omisso" por não abrir um processo de impeachment contra Moraes. O UOL apurou que o STF e o Congresso não devem responder às provocações de hoje feitas por Silas Malafaia.
Assessoria de Lula diz que críticas de Malafaia em ato pró-Bolsonaro são assunto da Justiça. "São questões que estão nos âmbitos de inquéritos policiais e da Justiça."
Malafaia fez críticas a Globo e outros grupos de comunicação. "Bolsonaro não propôs golpe de Estado", disse ele. O pastor defendeu que o blogueiro Alan dos Santos, o ex-deputado federal Daniel Silveira e outras figuras foram alvos de decisões por "crime de opinião", ilícito não previsto na lei brasileira.
Ato contou com a presença de Cláudio Castro (PL), governador do Rio, e outras autoridades. Estiveram presentes os três filhos do ex-presidente — Carlos, Eduardo e Flávio — e parlamentares de diferentes estados da federação. Também chamou a atenção a presença de pré-candidatos que devem disputar as eleições.
Milhares de pessoas acompanharam a manifestação. A Secretaria de Segurança Pública do Rio não fez estimativa de público presente no ato.