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Lula elogia Juscelino e aparece pela 1ª vez com ministro desde indiciamento

Do UOL, em Brasília

21/06/2024 15h51Atualizada em 21/06/2024 19h06

O presidente Lula (PT) elogiou nesta sexta-feira (21) o ministro Juscelino Filho (Comunicações) e indicou que não pretende demiti-lo. Juscelino foi indiciado pela Polícia Federal na semana passada sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.

O que aconteceu

Lula disse estar "feliz" com Juscelino e disse que ele "está prestando um bom serviço". O ministro é investigado por suposto envolvimento em desvios da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), mas o Planalto tem ignorado o assunto. Os dois participam juntos de evento no Maranhão nesta tarde e sentaram lado a lado, sem falar publicamente da questão judicial.

Lula argumentou que indiciamento não é prova, como já havia feito. "Todo cidadão é inocente até que prove o contrário. Se o cidadão tem um pedido de indiciamento e ainda não foi concedido pela Suprema Corte, eu tenho que aguardar o processo", argumentou o presidente em entrevista à Rádio Mirante, do Maranhão.

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Sabe o que eu falo para os meus ministros quando acontece uma denúncia? Eu chamo eles na minha sala e falo: 'Olhe, a verdade absoluta só você que sabe. Ninguém sabe. Então eu quero que você me diga. Se você fez, peça licença e vá embora. Se você não fez, brigue, porque se a gente não brigar, é destruído.
Lula, sobre denúncias contra ministros

O presidente não revelou, no entanto, se já conversou com Juscelino sobre o caso. Mais cedo, ele já havia dito em outra entrevista estar satisfeito com seus ministros e negou uma reforma ministerial, sem fazer referência direta ao maranhense.

O indiciamento foi revelado na semana passada, quando Lula estava em viagem oficial na Europa. O presidente defendeu o direito de qualquer cidadão em provar sua inocência e disse que conversaria com o ministro quando retornasse ao Brasil, mas não tocou mais no assunto publicamente.

Encontro público

Os dois participaram hoje à tarde de dois eventos: um no Piauí e outro no Maranhão, terra do ministro. Foi o primeiro dia em que os dois apareceram juntos desde o indiciamento, na semana passada.

Juscelino discursou por quase 10 minutos no Maranhão, como é praxe com ministros em seus estados. Ele falou sobre os projetos de inclusão digital tocados pelo ministério e, como esperado, não abordou o indiciamento. Ao final da fala, recebeu aplausos e um abraço do chefe.

Lula o cumprimentou antes do discurso, em meio aos colegas. "Ele vai trazer a conectividade para o Brasil e vai fazer com que todo o povo desse país tenha acesso à internet rápida. A gente quer que a nossa meninada tenha acesso ao computador, á internet", disse o presidente, que citou nominalmente cada um dos ministros presentes.

Acordo com União Brasil

Como o UOL mostrou, qualquer decisão deve passar por uma chancela do União Brasil. O partido, que já saiu em defesa do ministro, é uma das principais forças do Congresso e, mesmo desunido, pode ser o fiel da balança em pautas importantes para o governo —para o bem e para o mal.

A demissão ou manutenção do ministro pode ser carta de negociação. Em outros momentos, Lula mostrou sua fidelidade ao partido ao dar um voto de confiança ao ministro. Agora, pode usar o aprofundamento das denúncias como um pedido de fidelidade do outro lado, apontam petistas, dado que muitas das derrotas recentes no Legislativo tiveram a ajuda do União Brasil. Mesmo tendo três ministros no governo, a legenda tem votado com a oposição no Congresso.

Com o evento e as declarações, no entanto, Lula aponta que tem saído da postura de cautela. "Indiciado não significa que cometeu um erro", já havia comentado o presidente quando estava em viagem à Europa.

O que diz a investigação

Ainda quando deputado, Juscelino teria empenhado R$ 5 milhões do orçamento secreto na Prefeitura de Vitorino Freire (MA), comandada por sua irmã, Luanna Rezende (União).

Segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), apenas a família do ministro é beneficiada pelas emendas parlamentares destinadas por ele. O recurso foi usado para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente às fazendas dele e de sua família, onde ele mantém uma pista de pouso.

Em nota, o ministro afirmou que "o indiciamento é uma ação política e previsível". Na avaliação de Juscelino Filho, a investigação "distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito".

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