Sem citar Juscelino, Lula diz que não vê necessidade de reforma ministerial
O presidente Lula (PT) afirmou nesta sexta-feira (21) que não vê "nenhuma necessidade" de fazer uma reforma ministerial neste momento e que está "satisfeito" com seus ministros, sem citar diretamente Juscelino Filho (Comunicações), indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
O que aconteceu
Juscelino é investigado por suposto envolvimento em desvios da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), mas o Planalto tem ignorado o assunto. O ministro já era alvo de investigações e polêmicas que chegaram a gerar especulações sobre ele deixar o cargo, como querem petistas, mas o União Brasil o segurou.
O indiciamento foi revelado na semana passada, quando Lula estava em viagem oficial na Europa. O presidente defendeu o direito de qualquer cidadão em provar sua inocência e disse que conversaria com o ministro quando retornasse ao Brasil, mas não tocou mais no assunto publicamente.
"Não vejo nenhuma necessidade de fazer reforma ministerial. Estou satisfeito com meus ministros", disse Lula hoje. Ele concedeu entrevista à rádio Meio Norte, do Piauí.
Lula terá, inclusive, seu primeiro evento público com Juscelino nesta tarde. Os dois participarão do anúncio de criação de um polo receptor de energias renováveis no interior do Maranhão, terra do ministro. Uma conversa entre os dois era esperada no Planalto, mas deverá ocorrer na viagem.
A hora que precisar, vou mudar as pessoas. Mas, veja, estou com um governo muito bom. (...) Não vejo necessidade agora, mas o presidente da República tem poder de tirar e por a hora que ele quiser. Mas acho que as coisas estão indo bem.
presidente Lula
Acordo com União Brasil
Como o UOL mostrou, qualquer decisão deve passar por uma chancela do União Brasil. O partido, que já saiu em defesa do ministro, é uma das principais forças do Congresso e, mesmo desunido, pode ser o fiel da balança em pautas importantes para o governo —para o bem e para o mal.
A demissão ou manutenção do ministro pode ser carta de negociação. Em outros momentos, Lula mostrou sua fidelidade ao partido ao dar um voto de confiança ao ministro. Agora, pode usar o aprofundamento das denúncias como um pedido de fidelidade do outro lado, apontam petistas, dado que muitas das derrotas recentes no Legislativo tiveram a ajuda do União Brasil. Mesmo tendo três ministros no governo, a legenda tem votado com a oposição no Congresso.
Com o evento e as declarações, no entanto, Lula aponta que tem saído da postura de cautela. "Indiciado não significa que cometeu um erro", já havia comentado o presidente quando estava em viagem à Europa.
O que diz a investigação
Ainda quando deputado, Juscelino teria empenhado R$ 5 milhões do orçamento secreto na Prefeitura de Vitorino Freire (MA), comandada por sua irmã, Luanna Rezende (União).
Segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), apenas a família do ministro é beneficiada pelas emendas parlamentares destinadas por ele. O recurso foi usado para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente às fazendas dele e de sua família, onde ele mantém uma pista de pouso.
Em nota, o ministro afirmou que "o indiciamento é uma ação política e previsível". Na avaliação de Juscelino Filho, a investigação "distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito".
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