PF prende Renato Duque, ex-diretor da Petrobras condenado na Lava Jato
Do UOL, em São Paulo e Brasília*
17/08/2024 09h06Atualizada em 17/08/2024 13h17
A Polícia Federal prendeu neste sábado (17) o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque, 68, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.
O que aconteceu
Duque foi encontrado em uma casa em Volta Redonda (RJ). Ele estava foragido desde 12 de julho, quando a Justiça Federal do Paraná decretou sua prisão. Dados de inteligência e informações compartilhadas pelo Núcleo de Capturas da PF no Rio ajudaram os policiais a encontrar Duque em uma casa no bairro Niterói. Ele foi encaminhado ao sistema prisional, "onde permanecerá à disposição da Justiça", segundo a PF.
Juntas, penas que restam a Duque somam mais de 39 anos. Originalmente, essas penas eram de 45 anos, 9 meses e 19 dias, mas ele teve desconto de mais de 6 anos que já foram cumpridos durante a Lava Jato. O mandado de prisão é consequência de três sentenças que transitaram em julgado — ou seja, não têm possibilidade de recurso —, além de uma quarta sentença que ainda está tramitando.
Ex-diretor estava solto havia quatro anos, desde março de 2020. Antes, ficou preso por cinco anos e um mês no Complexo Médico Penal (CMP) de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Ao ser solto, voltou de avião para o Rio de Janeiro, onde morava, e já tinha sido dispensado até do uso de tornozeleira eletrônica, em abril do ano passado.
UOL tenta localizar defesa de Duque para pedir um posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.
Quem é Renato Duque
Ficou conhecido como o 'homem do PT' em esquemas na Petrobras. Renato Duque comandou uma diretoria da estatal que captou cerca de R$ 650 milhões em propinas com empreiteiras investigadas por corrupção. Segundo o executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, um dos delatores do caso, o dinheiro era tão volumoso que precisava ser transportado em carro-forte, por orientação de Duque, em algumas ocasiões.
Engenheiro de formação, nasceu em Cruzeiro, no interior de São Paulo. Entre 2003 e 2012, Duque ocupou o cargo de diretor de serviços da Petrobras após ser indicado pelo PT. Em depoimento ao ex-juiz da Lava Jato e atual senador Sergio Moro (União-PR), em 2017, disse que chegou ao cargo porque já tinha uma "carreira" na estatal.
Foi preso pela primeira vez em fevereiro de 2015, na 10ª fase da Lava Jato. O ex-diretor foi um dos primeiros alvos do alto escalão da Petrobras. Em março de 2020, foi solto com medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, e passou a morar no Rio. Havia deixado de usar o equipamento no ano passado, embora continuasse proibido de sair do país.
Eu fui apresentado ao PT porque já tinha uma carreira na empresa [Petrobras]. O encaminhamento para o conselho, a propositura da minha posição para ser diretor foi através do representante do governo.
Renato Duque, em depoimento feito em 2017
Youssef no semiaberto
Preso no 1º dia da Lava Jato, ex-doleiro tirou a tornozeleira nesta semana. Depois de sete anos, Alberto Youssef foi liberado do uso da tornozeleira eletrônica na terça-feira (6), pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), e retirou o equipamento no último dia 14. O cumprimento da prisão domiciliar agora será fiscalizado por meio de ao menos duas visitas surpresas de oficiais de Justiça por mês, segundo publicou a revista piauí.
(*Com Estadão Conteúdo)