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No Brics, Lula critica países ricos e cita 'insensatez' de ataques em Gaza

Do UOL, em São Paulo

23/10/2024 07h48Atualizada em 23/10/2024 09h53

O presidente Lula (PT) criticou países ricos, durante discurso por videoconferência na 16ª cúpula do Brics hoje (23), e chamou os ataques à Faixa de Gaza de "insensatez", mas sem citar Israel.

O que aconteceu

Lula disse que Gaza virou "o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo". "Muitos insistem em dividir o mundo entre amigos e inimigos, mas os mais vulneráveis não estão interessados em dicotomias simplistas", disse o presidente brasileiro. Leia aqui a íntegra do discurso.

Como disse o presidente Erdogan, na Assembleia Geral a ONU, Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo. E essa insensatez agora se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano. Lula, em discurso na cúpula do Brics

Diante do Putin, que assistia ao discurso, Lula defendeu o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia. "Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia", afirmou o petista. O conflito começou em fevereiro de 2022.

Líder brasileiro também afirmou que a presidência do Brasil no Brics vai defender um "mundo multipolar". O país assume a liderança do bloco a partir de 1º de janeiro de 2025. Para Lula, os países do Brics foram responsáveis por parcela significativa do crescimento mundial nas últimas décadas.

Na presidência brasileira do Brics, queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relações menos assimétricas entre os países.

Críticas aos países ricos

Lula criticou países ricos por emissões de gases que ampliam crises climáticas. "Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje", disse o presidente, ao cobrar também os compromissos assumidos por países emergentes.

Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes. O planeta é um só e seu futuro depende da ação coletiva. Também cabe aos países emergentes fazer sua parte para limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio.

"Plano Marshall às avessas" faz países emergentes financiarem os mais ricos, afirmou Lula. Esse programa foi criado pelos Estados Unidos, no final da década de 1940, como uma medida de ajuda econômica para a reconstrução da Europa e aliados após a Segunda Guerra Mundial.

Juntos, somos mais de 3,6 bilhões de pessoas [no Brics], que integram mercados dinâmicos com elevada mobilidade social. Representamos 36% do PIB global por paridade de poder de compra. Contamos com 72% das terras raras do planeta, 75% do manganês e 50% do grafite.

Entretanto, os fluxos financeiros continuam seguindo para nações ricas. É um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo desenvolvido.

Lula cobrou maior acesso igualitário a vacinas e a ferramentas de inteligência artificial. Durante o discurso, Lula citou episódios da pandemia da covid-19, quando países mais pobres recebiam poucas doses e ficavam sem condições de dar uma resposta à crise sanitária.

Não podemos aceitar a imposição de "apartheids" no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da Inteligência Artificial, que caminha para tornar-se privilégio de poucos.

Precisamos fortalecer nossas capacidades tecnológicas e favorecer a adoção de marcos multilaterais não excludentes, em que a voz dos governos prepondere sobre interesses privados.

Presidente participou de reunião por videoconferência após acidente doméstico. Lula teve um corte na nuca após sofrer uma queda no banheiro e bater a cabeça. O acidente fez ele cancelar a viagem que faria à Rússia para a assembleia. A recomendação médica foi para que ele ficasse em monitoramento. Segundo Mônica Bergamo, colunista da Folha, Lula caiu de costas de cima de um banco quando cortava as unhas dos pés.

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