'30 meses não tem como': quem é deputado que reclamou de propina parcelada
O deputado federal Luiz Carlos Busato (União-RS) foi citado em uma delação sob suspeita de ter recebido propina em contratos na área de saúde firmados pelo município de Canoas durante sua gestão (2017-2020).
Em áudios apresentados pelo delator, ele reclama do parcelamento em 30 vezes do valor da propina. "30 meses não tem como, Cássio", diz trecho divulgado com exclusividade pela coluna da Natália Portinari, do UOL.
Quem é Luiz Carlos Busato
Ele é político e arquiteto. Busato, de 75 anos, é natural de Caçador (SC). Antes de entrar na política, foi professor universitário e teve uma construtora em Canoas, onde concentra o seu eleitorado.
Deputado federal por quatro mandatos. O político estreou na política como vereador em Canoas, eleito em 2004. Mas em 2006 concorreu a deputado federal e foi eleito com mais de 44 mil votos. Busato foi reeleito em 2010, 2014 e 2022.
Passou por quatro partidos. Busato iniciou a vida política no PP, seguiu para o PTB e para o União Brasil, legenda onde está desde 2022.
Votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. Também foi a favor da PEC (Proposta de Emenda Parlamentar) do Teto dos Gastos Públicos, durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Foi eleito prefeito de Canoas em 2016. O político não conseguiu se reeleger em 2020, recebendo 46,94% dos votos.
Entenda o caso
Busato foi citado em delação de médico por supostas irregularidades quando era prefeito. Uma investigação apura repasse de propina em contratos de saúde firmados durante a gestão do político na Prefeitura de Canoas, entre 2017 e 2020.
Os áudios foram gravados por um médico que estava à frente do Gamp (Grupo de Apoio à Medicina Preventiva). "Isso é religioso. Não vai mais ter problema daqui pra frente, ok? Seja 700, 800, é o do mês. Depende do quanto entrar. 15 dias após fechar o mês. Combinado é combinado", teria dito Busato em uma das gravações obtidas pelo UOL.
Há trecho em que Busato reclama dos repasses ilegais parcelados. "(...) Cássio se comprometeu a, de agora em diante, pagar o do mês, não vai deixar atrasar o do mês, senão esse troço vira uma bola de neve (...) e propôs pagar em 30 parcelas, em 30 meses. 30 meses não tem como, Cássio."
Médico entregou áudios após delação premiada. Cássio Souto dos Santos, médico que administrava o Gamp foi preso preventivamente em 2018 em investigação sobre desvios na cidade de Canoas. Em 2020, ele fez um acordo de delação e entregou os áudios.
O Ministério Público apontou superfaturamento em contratos da Prefeitura em 2018. A apuração do MP do Rio Grande do Sul também indicou sobrepreço (orçamento acima do preço de mercado) nas parcerias firmadas com o Gamp.
Busato nega irregularidade. "Desconheço o assunto mencionado e nunca fui notificado sobre o tema em questão. Além disso, reitero que os áudios que estão circulando não são verdadeiros", afirmou ao UOL.
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