Governo brasileiro anuncia que vai apresentar nova meta climática na COP-29
Do UOL, em São Paulo
08/11/2024 22h35Atualizada em 08/11/2024 22h43
O governo brasileiro anunciou, na noite desta sexta-feira (8), que vai apresentar uma nova meta de redução de emissões de gases do efeito estufa no país até 2035.
O que aconteceu
Governo se comprometeu a reduzir de 59% e 67% das emissões em relação a 2005. A meta faz parte da Contribuição Nacional Determinada (NDC, na sigla em inglês) para o Acordo do Clima de Paris.
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Esse e outros compromissos serão apresentados à ONU pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele lidera a delegação brasileira na Conferência do Clima (COP-29) em Baku, no Azerbaijão. O evento começa na próxima segunda-feira (11) e vai até o dia 22 — Lula não participará. O governo brasileiro tem até 2025 para apresentar a nova NDC às Nações Unidas.
Brasil vai sediar COP-30. Conferência do Clima acontecerá em novembro do próximo ano, em Belém (PA).
Nova NDC representa avanço em relação a metas atuais. O Brasil tem hoje o compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 48% até 2025, e em 53% até 2030.
Segundo o governo, a nova NDC abrange todos os setores da economia e está alinhada ao Acordo de Paris. O tratado internacional visa limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação ao período pré-industrial, conforme Balanço Global acordado na COP28, em Dubai, em 2023.
Nova meta permitirá ao Brasil chegar à "neutralidade climática" em 2050, diz governo. "A NDC é o resultado de um extenso processo de análise dos cenários de emissões do país. Ela reconhece a urgência do combate à crise climática, assume a necessidade de construir resiliência e traça um roteiro para um futuro de baixo carbono para a sociedade, a economia e os ecossistemas brasileiros", afirma trecho de nota do governo federal.
Observatório do Clima fala em 'números desalinhados'
Números "estão desalinhados". Em nota divulgada logo após o governo anunciar a entrega das novas metas, o Observatório do Clima afirmou que os números já conhecidos estão "desalinhados com a contribuição justa do Brasil para a estabilização do aquecimento global em 1,5 °C".
"Os números da NDC apresentados nesta sexta-feira pelo governo federal se traduzem em limites de emissões entre 1.050 milhões e 850 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente. Esses números estão desalinhados com a contribuição justa do Brasil para a estabilização do aquecimento global em 1,5oC. Também estão desalinhados com os diversos compromissos públicos já adotados pelo governo, bem como com a promessa do Presidente da República de zerar o desmatamento no país - em conjunto, essas políticas levariam a uma emissão líquida menor que 650 milhões de toneladas em 2035."
Trecho de nota do Observatório do Clima sobre nova NDC
Ainda segundo o observatório, informações divulgadas não explicam como serão tratados temas como desmatamento e expansão dos combustíveis fósseis. "Foram omitidas informações cruciais para avaliar a ambição da nova NDC brasileira: como será tratado o desmatamento? Como será tratada a expansão dos combustíveis fósseis? Qual será a contribuição dos setores da economia para o atingimento das metas?", questiona a entidade.