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PF: Bolsonaro autorizou tentativa de golpe até o fim de 2022, disse general

Do UOL, em São Paulo

19/11/2024 15h41Atualizada em 25/11/2024 18h44

O ex-presidente Jair Bolsonaro teria dado o aval para um golpe de Estado até o dia 31 de dezembro de 2022. A informação consta no relatório da Polícia Federal que detalha o plano dos suspeitos para matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

O que aconteceu

O general Mario Fernandes passou a informação a Mauro Cid, segundo a PF. "Durante a conversa que tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo [Lula], não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa, pode acontecer até 31 de dezembro e tudo", escreveu.

Fernandes afirmou nas mensagens as manifestações iriam "esmaecer ou recrudescer". Nas conversas trocadas com Cid, em 8 de dezembro de 2022, o general diz que eles não podem "perder oportunidades", já que perderam outras "tantas".

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Ação golpista deveria ocorrer antes da troca de comando nas Forças Armadas com o novo governo. "Nós temos já passagens de comando dos comandos de força, força armada. Já 20, 20 e poucos. E aí já vão passar o comando para aqueles que estão sendo indicados para o eventual governo do presidiário [Lula]. E aí tudo fica mais difícil, cara, para qualquer ação. Então esses dois aspectos são importantes, certo?", disse o general.

General pede a Cid para pedir que o então presidente Bolsonaro ou seu gabinete atue. " Pô, a gente tem procurado orientar tanto o pessoal do agro como os caminhoneiros que estão lá em frente ao QG. E hoje chegou para a gente que parece que existe um mandato de busca e apreensão do TSE, não, do Supremo, em relação aos caminhões que estão lá."

Fernandes queria que Bolsonaro impedisse que a PF atuasse contra as manifestações realizadas por caminhoneiros. "Os caras não podem agir, é área militar, mas já andou havendo prisão realizada ali pela Polícia Federal. Então isso seria importante, se o presidente pudesse dar um input ali para o Ministério da Justiça para segurar a PF ou para a Defesa alertar o CMP, e, porra, não deixa."

Em resposta, Mauro Cid diz que falaria com o então presidente, mas que Bolsonaro costumava esperar "para ver os apoios que tem". "Não, pode deixar, general. Vou conversar com o presidente. O negócio é que ele tem essa personalidade às vezes. Ele espera, espera, espera, espera pra ver até onde vai, ver os apoios que tem."

Cid também diz que o tempo era "curto" e que não poderiam esperar passar muito tempo. "Dia 12 seria... Teria que ser antes do dia 12, mas com certeza não vai acontecer nada. E sobre os caminhões, pode deixar que eu vou comentar com ele, porque o exército não pode papar mosca de novo, né. É área militar, ninguém vai se meter. Até porque a manifestação é pacífica. Ninguém tá fazendo nada ali."

Pô, os caminhões estão dentro de área militar, os caras vieram aí, porra, estão há 30 dias aí deixando de produzir pelo Brasil e agora vão ter os caminhões apreendidos. Cara, isso é um absurdo. Então, atento a isso, conversa com o presidente, cara.
General Mario Fernandes a Mauro Cid, conversa reproduzida em relatório da PF

Operação prende militares e detalha plano para golpe

A PF prendeu preventivamente na manhã desta terça quatro militares das Forças Especiais, os chamados "kids pretos", e um policial federal. Eles são suspeitos de envolvimento num plano de golpe contra o resultado das eleições de 2022 que incluía a morte de Lula, Alckmin e Moraes, que era alvo de monitoramento à época.

Os militares presos são Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Também é alvo Wladimir Matos Soares, policial federal. Novas provas foram obtidas a partir da análise do material apreendido com militares alvo de operação em fevereiro deste ano, para apurar o caso do plano de golpe.

O alvo de mais alta patente é o general da reserva Mario Fernandes. Ele foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro e chegou a ocupar interinamente o comando da pasta, além de ter atuado no gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) de março de 2023 a março de 2024.

A reportagem entrou em contato com as defesas de Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes e Rafael Martins de Oliveira e aguarda um posicionamento. As defesas de Rodrigo Bezerra de Azevedo e Wladimir Matos Soares não foram encontradas, e o espaço está aberto para manifestação.

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