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Crânio solto é achado pelo TCM em vistoria em cemitérios concedidos em SP

Crânio encontrado em depósito de terra escavada do cemitério Vila Formosa, na zona leste Imagem: Reprodução/TCM

Do UOL, em São Paulo

27/11/2024 12h44Atualizada em 27/11/2024 12h59

Uma vistoria feita por auditores do TCM (Tribunal de Contas do Município) nos cemitérios concedidos pela Prefeitura de São Paulo encontrou crânio em terra escavada e lixo de velório.

O que aconteceu

Crânio foi encontrado no cemitério da Vila Formosa, na zona leste. Os auditores também acharam pedaços de caixão e manta mortuária em "área escavada por maquinário" —o que indica, segundo o vice-presidente do TCM, Roberto Braguim, que as ossadas encontradas foram levadas pela terra retirada das quadras do cemitério.

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Ossos humanos estavam também em terrenos exumados e em taludes. A irregularidade foi fotografada pelo TCM nos cemitérios da Saudade (zona leste), Lajeado (zona leste) Vila Nova Cachoeirinha (zona norte), Dom Bosco (zona norte), Campo Grande (zona sul) e novamente na Vila Formosa. A vistoria com as fotos foi revelada pelo TCM durante sessão plenária nesta quarta (27).

Na vistoria, representantes de concessionárias não souberam explicar, segundo o TCM. "Eles não conseguiram comprovar naquele momento a destinação das ossadas advindas das quadras em que houve exumação compulsória, limitando-se a mostrar apenas uma quantidade de sacos em quantidade muito inferior de exumações já feitas", disse Braguim.

TCM encontrou lixo de velório misturado com restos de materiais de construção Imagem: Reprodução/TCM

Auditores identificaram lixo de velório misturado com materiais de construção civil. A vistoria da unidade São Pedro, conhecida como Vila Alpina, na zona leste, encontrou resíduos de exumação e manta mortuária com restos de obras civis.

"As imagens são assustadoras", disse o conselheiro do TCM João Antonio. Estamos falando de um contrato de longa duração. E de empresas que não conseguem cortar os matos, colocar seis vigilantes. Eles não conseguem cumprir o básico", disse o conselheiro João Antonio.

A reportagem procurou a prefeitura e a SP Regula, responsável pela concessão, e aguarda retorno. As concessionárias também foram questionadas pelo UOL. O espaço fica aberto para atualizações.

Ossos humanos nos terrenos exumados no Cemitério Saudade, na zona leste Imagem: Reprodução/TCM

Prefeito Ricardo Nunes (MDB) transferiu a administração dos cemitérios, além do crematório da Vila Alpina, para quatro empresas diferentes. A concessão começou em março de 2023 e tem duração de 25 anos —a licitação foi concluída em julho de 2022. Desde então, o TCM tem feito uma série de alertas e apontando irregularidades do serviço.

Na mira do STF

O ministro do STF Flávio Dino mandou a prefeitura cobrar preços praticados antes da privatização. A determinação não agradou o prefeito Nunes, que tem criticado a decisão publicamente.

Dino considerou tema urgente, por isso deu sua decisão no final de semana. O ministro entendeu que os problemas apontados na ação representam "graves violações" a direitos básicos, como a dignidade da pessoa humana. Por isso, ele entendeu ser o caso de ser tomada uma medida urgente para mudar essa situação.

Ministro do STF atendeu em parte ao pedido feito pelo PCdoB. A ação movida pelo partido questiona a privatização dos cemitérios e usa como base reportagens sobre o tema, inclusive na Folha de S.Paulo e no UOL, que apontam preços altos e outros problemas enfrentados pela população paulistana.

A determinação diz que a cobrança dos serviços devem respeitar um teto. Pela decisão, os valores cobrados devem respeitar o limite dos preços anteriores à privatização atualizados pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O prefeito de São Paulo classificou a decisão como "fora do contexto de interesse da cidade". O emedebista ressaltou ao menos quatro vezes que a determinação de Dino ocorreu após uma ação do PCdoB.

Só de olhar no olho de vocês já para imaginar qual que é a sensação de ter o Partido Comunista do Brasil entrando no STF. Obviamente que é político. É uma ação vergonhosa.
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo

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