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Flávio: 'Direita ainda não tem esse nível de organização sugerido pela PF'

Senador Flávio Bolsonaro saiu em defesa de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro Imagem: Reprodução - 4.mai.2024/GloboNews

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/11/2024 11h52Atualizada em 27/11/2024 13h27

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que a direita brasileira "ainda não tem esse nível de organização sugerido pela PF", ao comentar no X sobre a investigação ter apontado que os discursos golpistas começaram a ser inflamados em 2019

O que aconteceu

Senador criticou relatório da PF no inquérito da tentativa de golpe de Estado. "A direita, por enquanto, ainda não tem esse nível de organização sugerido pela PF. Nem pro bem e muito menos pro mal", escreveu o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Flávio afirmou "não haver nada" contra seu pai. "A cada pílula publicada da 'trans-investigação' da PF fico mais convicto de que não há absolutamente nada contra Bolsonaro".

Jair Bolsonaro foi indiciado pela PF por atentar contra o Estado Democrático de Direito após ser derrotado nas eleições em 2022. Conforme o relatório final da PF, os discursos golpistas tiveram início em 2019, no primeiro ano de seu governo, inflamados pelas chamadas milícias digitais bolsonaristas, passando pelos episódios ocorridos após o pleito de 2022, para afirmar que o discurso golpista segue latente em parte da sociedade brasileira.

Como a tentativa de golpe ocorreu, segundo a PF

Profusão de discursos radicais nas redes sociais forma usados para inflamar parcela da população contra as instituições. PF dedica sete páginas em sua conclusão e cita que milícias digitais e perfis de autoridades do governo anterior incentivaram várias manifestações em frente a instalações militares desde 2020 com objetivo de coagir os Três Poderes, sobretudo o Judiciário.

Plano de longo prazo foi elaborado para eventual derrota eleitoral. O objetivo, segundo a investigação, era pavimentar ao longo dos anos uma narrativa para o caso de derrota de Bolsonaro nas eleições, de forma a justamente incentivar movimentos radicais como o que surgiram no fim de 2022.

Questionamentos das urnas cresceu no ano das eleições presidenciais. Segundo a PF, essa dinâmica se intensificou a partir de 2022. A investigação recupera uma série de fatos, que começam com a reunião ministerial de 5 de julho na qual Bolsonaro provoca seus ministros a "agir" e dar vazão à retórica de questionamentos ao sistema eleitoral baseada em fake news.

Estratégia durante e após o governo Bolsonaro. A PF não descreve em seu relatório fina todas as iniciativas das milícias digitais, mas aponta de forma resumida que a dinâmica iniciada com elas se manteve até depois do governo Bolsonaro.

Investigação menciona atos ocorridos ao longo de 2022. A PF cita grupo que tentou invadir a sede da PF em 12 de dezembro daquele ano e até a tentativa de plantar uma bomba nos arredores do aeroporto de Brasília, em 24 de dezembro de 2022. A PF ainda vincula os atos de 8 de janeiro de 2023 a essa dinâmica.

Contato com manifestantes de acampamentos. Dentre os próprios militares indiciados por tentativa de golpe, a PF encontrou registros de que alguns mantinham contatos com manifestantes em frente aos quartéis, insuflando seus discursos e até buscando apoio material para facilitar a presença deles em acampamentos que apoiavam o golpe.

Golpismo em duas frentes. Ainda segundo a PF, os planos golpistas previam o questionamento do pleito no TSE, até a decretação de um Estado de Sítio, além dos assassinatos do presidente e vice-presidente eleitos, Lula e Geraldo Alckmin, e do então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes.

Golpe não deu certo por falta de apoio da cúpula militar. A PF juntou ao relatório final parte do depoimento do ex-comandante da Aeronáutica Baptista Junior na qual ele afirma que a posição do então comandante do Exército, general Freire Gomes, de não embarcar no golpe foi determinante para a iniciativa não dar certo. O Exército é a maior das três Forças Armadas. O então chefe da Marinha, almirante Almir Garnier, teria aderido o golpe e deixado tanques da Força à disposição para o golpismo — a Marinha nega.

Bolsonaro nega participação em plano de golpe

Jair Bolsonaro admitiu que estudou possibilidade de decretar estado de sítio, mas negou tentativa de golpe. "Golpe de Estado é uma coisa séria. (...) Tem que tá envolvido todas as Forças Armadas senão não existe golpe. Ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando", rechaçou o ex-presidente, na última segunda (25), antes de o relatória da PF ter sido divulgado. Ele afirmou que analisou todas as possibilidades que existem na Constituição para "resolver o problema' e que as descartou quando "não teve como resolver".

Da minha parte, nunca houve discussão de golpe. Se alguém viesse pedir golpe para mim, ia falar: 'Tá, e o after day? E o dia seguinte, como é que fica? Como fica o mundo perante nós?' (...) A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário.
Jair Bolsonaro, sobre investigação da PF

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