Bolsonaro leva narrativa de perseguição a evento de direita na Argentina
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou nesta quarta-feira (4) ao CPAC Argentina, evento no país vizinho que reúne figuras da direita mundial.
O que aconteceu
Bolsonaro se disse perseguido pela Justiça brasileira. Em declaração por vídeo, o ex-presidente afirmou que não tentou dar um golpe de Estado em 2022 e criticou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, mas disse esperar que o magistrado o libere para ir à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro do ano que vem.
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O ex-presidente afirmou que sempre jogou "dentro das regras". Ele criticou a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que o tornou inelegível por ter levantado suspeitas sobre as urnas eletrônicas em uma reunião com embaixadores em Brasília, em 2022. Também afirmou, sem provas, que o episódio de invasão aos prédios públicos em 8 de janeiro de 2023 "não foi programado pela direita, mas pela esquerda".
Bolsonaro está proibido de sair do Brasil por ordem de Moraes. Ele teve o passaporte apreendido por ordem do ministro em uma operação da Polícia Federal, no âmbito do inquérito que apura tentativa de golpe, e também foi proibido de se comunicar com outros investigados, como os ex-ministros Augusto Heleno e Braga Netto e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Vários líderes de direita devem falar no evento. Antes de Bolsonaro, houve discursos de Laura Trump, nora do presidente eleito dos EUA, e de Steve Bannon, que foi estrategista do republicano em 2016. A programação também inclui Santiago Abascal, presidente do partido Vox, da Espanha, a ministra argentina Patricia Bullrich e o presidente do país, Javier Milei.
Vou ser convidado para a posse do Trump. Logicamente, isso é um orgulho para mim. Se eu puder recuperar meu passaporte, nos veremos lá [na posse de Trump]. Mas meu passaporte está retido, então dependemos desse juiz, Alexandre de Moraes, e da sua autorização para que eu possa ir
Jair Bolsonaro (PL), em declaração ao CPAC Argentina
Elogio a medidas de Milei
Bolsonaro elogiou as mudanças promovidas pelo presidente argentino, Javier Milei. Segundo Bolsonaro, foram "medidas difíceis, mas que atualmente todo o povo vai entendendo". A plataforma econômica de Milei tem conseguido melhorar números como o da inflação, mas a pobreza no país tem crescido e batido recordes.
Milei esteve na edição brasileira do CPAC, em julho desse ano, em Balneário Camboriú (SC). Bolsonaro estava presente e deu a Milei uma medalha de "imorrível, incomível e imbrochável", condecoração informal que ele entrega a amigos e aliados.
Meus parabéns pela economia, pelas medidas que tomou. Medidas difíceis, mas que atualmente todo o povo vai entendendo
Bolsonaro em recado a Javier Milei
Eduardo Bolsonaro também falará no evento
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está no evento. O filho do ex-presidente, que ajudou a estruturar o CPAC no Brasil, tem uma fala prevista no congresso para hoje no final da tarde.
Bolsonaro visitou fugitivos do 8/1 na cadeia. O deputado deu entrevista ao jornal La Nación, um dos maiores do país, e encontrou brasileiros que fugiram para a Argentina após serem denunciados por participação na invasão dos prédios públicos em Brasília.