Boulos aciona MPF contra produtora Brasil Paralelo por material em escolas

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) acionou o MPF (Ministério Público Federal) contra a produtora conservadora Brasil Paralelo e apontou propagação de "falsificações históricas" em materiais didáticos para escolas privadas.

O que aconteceu

Boulos pediu ao MPF que investigue a produtora por "revisionismo histórico". O documento diz que a empresa mudou fatos de temas como o golpe militar de 1964, a chegada dos portugueses ao Brasil e os atos de 8 de janeiro de 2023.

O revisionismo aparece em materiais didáticos para escolas, segundo o deputado do PSOL. As informações falsas são apresentadas "de forma ilegal" em "materiais paradidáticos e/ou substituindo os materiais didáticos" em escolas privadas, relata.

Segundo Boulos, o material didático da produtora confronta a Base da Educação Nacional e a Base Nacional Comum Curricular. A produtora, diz Boulos, também fomentaria o homeschooling (educação domiciliar), ilegal no Brasil em cursos didáticos.

A liberdade de escolha dos métodos e conteúdos de ensino, uma prerrogativa profissional dos professores, no entanto, não se confunde com liberdade irrestrita para propagar falsificações históricas e negacionismo científico - os tais conteúdos 'paralelos' das bolhas ideológicas de extrema direita.
Guilherme Boulos ao MP

Reportagens do site The Intercept Brasil revelou que a Brasil Paralelo levou esses conteúdos a 285 unidades escolares. "O Brasil Paralelo está fazendo doutrinação ideológica nas escolas a partir de materiais com revisionismo histórico, que relativizam inclusive a tortura na ditadura militar", diz Boulos.

O UOL procurou a Brasil Paralelo e aguarda um posicionamento.

Os cursos da Brasil Paralelo

Brasil Paralelo é uma empresa de vídeos conservadores
Brasil Paralelo é uma empresa de vídeos conservadores Imagem: Reprodução/YouTube
Continua após a publicidade

Em junho, a Brasil Paralelo anunciou a seus assinantes a criação de cursos para estudantes de baixa renda. Em e-mail enviado a seus seguidores, ela informava a intenção de ensinar a distância história, geografia e ciências sociais para "formar a próxima geração de professores" do país, segundo reportagem da agência Pública.

A empresa pedia aos assinantes que financiassem os cursos. "Não queremos parar em apenas um curso, pretendemos desenvolver novas formações como Licenciatura em Geografia e Ciências Sociais."

A mensagem mente ao afirmar que "é proibido ser de direita nas universidades" e que o ensino das escolas brasileiras é "distorcido". Por isso, dizia a empresa, a Brasil Paralelo decidiu realizar "algo mais efetivo do que documentários e cursos".

Fake news nas eleições de 2022

Na eleição presidencial de 2022, a empresa foi desmonetizada no Youtube. Ela e outros veículos bolsonaristas foram acusados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de espalhar fake news durante a campanha eleitoral contra o então candidato Lula (PT).

Na época, o corregedor eleitoral Benedito Gonçalves chegou a suspender o lançamento de vídeos da empresa. Um deles seria divulgado a seis dias do segundo turno sob o título "Quem mandou matar Jair Bolsonaro?".

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.