IBGE suspende criação de fundação que dividiu servidores e Pochmann

O Ministério do Planejamento e Orçamento e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) suspenderam a criação Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica, o IBGE+. O projeto gerou atrito entre servidores e o presidente do órgão, Marcio Pochmann.

O que aconteceu

A fundação foi criada em julho de 2024 com a finalidade de captar dinheiro para o IBGE. A verba viria não apenas do orçamento federal, mas também de ministérios, bancos públicos e autarquias como pagamento por pesquisas e outros projetos.

Suspensão é temporária e a decisão foi tomada em comum acordo com o Ministério do Planejamento. A pasta informou que estuda modelos alternativos para a criação da fundação, e que a iniciativa deve ser discutida com o Congresso.

Estão sendo mapeados modelos alternativos, de acordo com o governo. Essas alternativas podem ensejar alterações legislativas, o que vai requerer um diálogo franco e aberto com o Congresso Nacional, diz o ministério em nota. "Desta forma, o MPO e o IBGE esclarecem que qualquer decisão que oportunamente for tomada seguirá o debate no IBGE e com o Executivo e o Legislativo."

Servidores dizem que foram pegos "de surpresa". Segundo eles, a criação da IBGE+ não foi discutida internamente — o que teria impedido que o corpo técnico do órgão pudesse dar colaborações. Além disso, os funcionários afirmam que a fundação foi criada sem autorização por lei, algo que é necessário em casos desse tipo.

Funcionários também temiam perda de autonomia e credibilidade com fundação. Em carta, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do IBGE afirma que a contratação ilimitada de pessoas externas e pressões geradas por acordos com empresas podem levar à captura da produção do órgão "por interesses privados".

Falta de dinheiro é o pano de fundo. Pochmann esteve no Planalto na última segunda-feira (27). Na ocasião, o presidente do IBGE disse ter se reunido com Marco Aurélio Santana Ribeiro, chefe de gabinete pessoal de Lula, para levantar mais recursos para o instituto. "Essa é a minha preocupação", disse ele à imprensa na ocasião.

Salários respondem por mais de 90% do orçamento do IBGE hoje. De acordo com o instituto, os gastos diretamente com pesquisas representam menos de 5% do total das despesas do órgão. O sindicato estima que metade dos servidores do IBGE trabalham hoje "absolutamente precarizados", sem infraestrutura adequada.

Instituto afirma que debates internos aconteceram. "A Fundação IBGE+ é também alvo de forte campanha de desinformação por, possivelmente, evidenciar conflitos de interesses privados existentes dentro do IBGE", afirmou o instituto em nota.

1 comentário

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Nelson do Amaral

Até quando vamos sustentar um órgão que tanto faz. Hoje o IBGE não tem credibilidade em suas pesquisas, são dados manipulados de acordo com o governo solícita. Só serve para cabide de emprego.

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