Bolsonaro chora, critica Moraes e agradece a Trump por 'abraçar' Eduardo
Jair Bolsonaro (PL) culpou a Justiça brasileira pela decisão de seu filho Eduardo de se licenciar do mandato de deputado. O ex-presidente disse que Donald Trump dará asilo político caso haja pedido dele.
O que aconteceu
O deputado disse que vai se licenciar do cargo e ficar nos Estados Unidos por tempo indeterminado. Ele está no país desde 27 de fevereiro, quando houve pedido de retenção de seu passaporte.
Bolsonaro agradeceu ao presidente dos Estados Unidos. "Tenho um profundo respeito, admiração e gratidão por Donald Trump. Sei que, no momento, ele continuará abraçando o meu filho."
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O ex-presidente lembrou que está com o passaporte confiscado. Por esse motivo, não pôde comparecer à posse de Trump. A medida foi tomada depois de Bolsonaro dormir na embaixada da Hungria, no ano passado.
De acordo com o ex-presidente, o Brasil vê o avanço de uma espécie de "nazifascismo", se referindo a atitudes de Moraes. As declarações ocorrem quando Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado e pode virar réu por esse e outros crimes na próxima semana.
A delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apontou que Eduardo defendeu o golpe. O tenente-coronel disse que o deputado sugeriu que Bolsonaro usasse as Forças Armadas para evitar a posse de Lula.
Bolsonaro visitou o Senado. Ele acompanhou a abertura de uma exposição sobre o Holocausto.
Para que o mal vença, basta que os bons se omitam. Hoje está sendo um dia marcante para mim. O afastamento de um filho. Mas um filho que se afasta mais do que por um momento de patriotismo. Se afasta pra combater algo parecido com o nazifascismo que cada vez mais avança em nosso país.
Tenho um profundo respeito, admiração e gratidão por Donald Trump. Sei que, no momento, ele continuará abraçando o meu filho, como demonstrou por ocasião desse pacto. Considero a ele uma multidão de milhares de pessoas.
Jair Bolsonaro
Bolsonaro chora
O ex-presidente se emocionou em dois momentos. A primeira vez que chorou ocorreu enquanto discursava na cerimônia de abertura da exposição.
Foi logo no começo da fala, quando disse viver um dia difícil. As pessoas ouviram Bolsonaro em silêncio e aplaudiram no final do pronunciamento.
Na sequência, o ex-presidente foi para o gabinete de Flávio Bolsonaro. Ele chorava quando entrou no elevador para chegar ao gabinete do senador. Parlamentares bolsonaristas foram para o local conversar com o líder da direita.
Bolsonaro concedeu entrevista na saída do gabinete de Flávio. Ele voltou a criticar Alexandre de Moraes, a dizer que o Brasil vive uma ditadura e a sugerir, sem provas, que houve fraude nas eleições.
Críticas a Alexandre de Moraes
Eduardo culpou Alexandre de Moraes por não voltar ao Brasil. "Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua Gestapo [polícia política da Alemanha nazista] da Polícia Federal merecem", afirmou em vídeo postado nas redes sociais hoje.
O deputado falou que continuará as articulações contra o ministro. "Minha meta de vida será fazer você pagar por toda a sua crueldade com pessoas inocentes."
O parlamentar insistiu no discurso de perseguição. Ele declarou que o Brasil vive um "regime de exceção", o que não é verdade, e acusou Moraes de fazer uso de "truques sujos".
Eduardo está nos Estados Unidos desde 27 de fevereiro. O deputado foi quatro vezes para o país e faz várias reuniões com políticos da direita radical americana.
Eduardo perde comissão
Com o licenciamento, o deputado deixa de presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Ele foi indicado pelo PL, e sua escolha havia enfrentado resistência de parlamentares governistas.
Havia a preocupação de Eduardo usar o cargo em sua narrativa contra o STF. O parlamentar teria ainda mais peso político para angariar apoio externo e atacar o Judiciário. Ele tem se reunido com autoridades estrangeiras falando que o Brasil é uma ditadura.
O deputado Filipe Barros (PL-PR) ficará com o cargo. Ele foi o relator do projeto do voto impresso e foi líder da oposição no ano passado.
O líder do PT comemorou a decisão de Eduardo. Lindbergh Farias (RJ) afirmou que houve uma fuga de um parlamentar que faz campanha contra o Brasil.