Germane Greice, 29, ainda se lembra dos dias em que trabalhava como auxiliar administrativa em uma empresa de logística no Recife.
Casada, o salário dela representava metade da renda da família. Mas tudo mudou no início de 2015, quando sua filha nasceu com microcefalia e, em seguida, teve confirmado o diagnóstico de síndrome congênita da zika.
Depois de usufruir do direito à licença-maternidade, veio a notícia que Greice tanto temia. "Eu fui demitida quando souberam que teria de ir para médicos e terapias com ela. Eu não pedi para sair. Tentei um acordo, porque lá [na empresa] tem os três turnos. Propus ficar em um turno das 14h às 22h, pela manhã faria as coisas com a minha filha. Mas não quiseram acordo e me mandaram embora", conta.
Mesmo que tivesse ficado no emprego, Greice iria perceber que a saúde da criança consumiria mais tempo do que ela previa e que provavelmente seria necessária uma dedicação exclusiva de alguém na família. "Ela faz todo dia fisioterapia. Ainda tem a terapia ocupacional e a hidroterapia. Hoje sou cuidadora da minha filha", relata.