Risco de recorrência de câncer de mama persiste por 20 anos após tratamento
As mulheres que têm um tipo de câncer de mama que é alimentado pelo hormônio estrogênio enfrentam um risco substancial do tumor retornar, mesmo 20 anos após o tratamento, disseram pesquisadores nesta quarta-feira (8).
O risco é maior em mulheres cujos tumores originais eram grandes e afetaram quatro ou mais linfonodos, revela o estudo publicado na revista científica New England Journal of Medicine.
Os pesquisadores analisaram os dados de 88 testes clínicos envolvendo cerca de 63.000 mulheres com câncer de mama com receptores de estrogênio - um tipo comum de câncer conhecido como RE-positivo, no qual os tumores são alimentados por este hormônio.
As pacientes do estudo receberam terapia endócrina - como o tamoxifeno, que é o padrão de cuidados para reduzir o risco de recorrência do câncer - durante cinco anos e não apresentam câncer quando pararam a terapia.
Mas os pesquisadores encontraram um risco "estável" de recorrência de tumores nos 15 anos seguintes, até 20 anos após o diagnóstico inicial.
Embora essas mulheres tenham permanecido sem recorrência nos primeiros cinco anos, o risco de seu câncer voltar em outros lugares - por exemplo no osso, fígado ou pulmão - do ano cinco ao ano 20 permaneceu constante
Daniel Hayes, professor de pesquisa sobre câncer de mama da Universidade de Michigan
As mulheres cujos tumores originais eram grandes o suficiente para terem se espalhado para quatro ou mais linfonodos tinham um risco de 40% de recorrência do câncer nos 15 anos seguintes.
Para as mulheres com câncer de pequeno porte e sem disseminação para os linfonodos, o risco de recorrência do câncer era de 10% em 15 anos.
Os resultados levantam questões sobre a prática atual de tratar as mulheres com tamoxifeno ou inibidores de aromatase durante cinco anos após a remoção do tumor, a fim de reduzir o risco de recorrência.
Alguns especialistas acreditam que o tratamento deve ser estendido para 10 anos.
Os efeitos colaterais podem incluir ondas de calor, secura vaginal, osteoporose e dor nas articulações.
Em última análise, a decisão depende da mulher e de seu médico, disse Hayes.
"Esses dados podem ser usados pelos pacientes e seus prestadores de cuidados de saúde, quando considerarem se devem continuar com a terapia antiestrogênio por mais de cinco anos, após pesarem os efeitos colaterais e a toxicidade das terapias".
Os tratamentos para o câncer de mama melhoraram nos últimos anos, de modo que os riscos estimados de recorrência no estudo podem ser pessimistas, disse o coautor principal Richard Gray, da Universidade de Oxford.
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