O manual que mostra para adolescentes como é uma vulva 'normal'
Um novo guia online voltado para meninas adolescentes quer se tornar uma espécie de manual sobre os mais diferentes tamanhos e formatos de vulvas.
Disponível no site da ONG britânica Brook, que promove o tema da saúde sexual, o guia What is a vulva anyway? (Afinal, o que é uma vulva?, em tradução livre) dá exemplos visuais de como a aparência da vulva pode ser variada e conselhos sobre como os genitais mudam durante a puberdade.
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O livreto explica, por exemplo, a diferença entre vulva e vagina: vulva é a parte externa do órgão genital, vagina é a parte interna.
Os profissionais de saúde que criaram o manual dizem que o objetivo é dar mais confiança e autoestima para garotas e tentar incentivá-las a não entrar na onda de cirurgias íntimas - as chamadas labioplastias - por motivos estéticos.
O Brasil é o país que mais faz cirurgias do tipo no mundo. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 25 mil labioplastias foram feitas no país em 2016. O segundo lugar é dos Estados Unidos, com 13,3 mil no mesmo período, conforme os dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética.
As cirurgias podem ser feitas por motivos de saúde - se o tamanho dos lábios, por exemplo, causa dor durante o sexo - mas, na maioria dos casos, são feitas por motivos estéticos. E não são indicadas para meninas com menos de 18 anos.
"Esse recurso educacional vai ajudar jovens mulheres a entenderem melhor seus corpos e como suas vulvas se desenvolvem durante a puberdade, especialmente se elas têm inseguranças", diz Louise Williams, especialista do Hospital University College e cocriadora do guia.
"Queremos assegurar às jovens de que existem os mais diferentes tamanhos e formatos de vulvas e orientá-las a procurar a ajuda correta se precisarem de conselho ou apoio", afirma Williams.
O texto tenta desfazer um "padrão" de aparência da região genital muitas vezes criado pela pornografia. "Se você já viu algum tipo de pornografia, pode ter visto vulvas que têm uma aparência específica - na maioria das vezes sem pelo com os lábios bem pequenos e escondidos. Isso cria uma falsa imagem do que é normal ou desejável", diz o texto. "Lábios podem ter diversos tamanhos e formatos diferentes."
A médica Naomi Crouch, da Sociedade Britânica para Pediatria e Ginecologia Adolescente, que também participou da criação do manual, diz que não existe nenhuma evidência científica que apoie a prática de labioplastia. "E o risco é grande, principalmente para adolescentes, que ainda estão se desenvolvendo tanto do ponto de vista físico quanto do psicológico."
"Queremos disponibilizar informações para meninas e jovens mulheres: suas vulvas são únicas e vão mudar durante a vida, e isso é totalmente normal e saudável", diz a médica.
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